Jovem indiana em uma vila no estado de Uttar Pradesh
Imagem: AFPClique para ampliarJovem indiana em uma vila no estado de Uttar PradeshUma mulher e sua filha morreram queimadas vivas pelo marido e por três parentes dele por não pagarem um dote matrimonial de 200 mil rúpias (cerca de 7.400 reais) e uma moto, informou nesta quinta-feira a imprensa local. Os assassinatos ocorreram na terça-feira na cidade de Khananka, no estado de Uttar Pradesh, no norte do país, quando o marido, os sogros e um cunhado da mulher, que se chamava Shanno e tinha 22 anos, a queimaram viva enquanto ela dormia, disse um porta-voz policial ao jornal Times of India. A filha, um bebê de oito meses, que dormia perto da mãe, também morreu queimada.
Segundo o jornal indiano, ontem foram detidos os quatro assassinos, que confessaram o crime. A polícia suspeita que eles torturavam a mulher desde o casamento, realizado há mais de um ano, para que pagasse o dote. O estado de Uttar Pradesh, o mais populoso da Índia, vem se notabilizando em casos de violência extrema contra mulheres. Somente neste mês de junho, já houve pelo menos cinco vítimas mulheres estupradas e assassinadas em seguida. Três destas vítimas foram enforcadas. saiba mais Índia: grupos rivais lutam com espadas em Templo; 12 feridos Mulheres protestam após estupro e morte de adolescentes na Índia Após décadas de hegemonia, dinastia Nehru-Gandhi fica até sem a liderança da oposição Índia compra aeronaves militares e assina acordo com a Rússia Leia mais sobre Índia
Na Índia, as mulheres são obrigadas a pagar ao noivo e a sua família um dote, prática proibida por lei, mas que ainda sobrevive no país. As famílias dos noivos exigem dotes em dinheiros, joias e, em alguns casos, podem incluir carros e até imóveis. Segundo dados da Fundação Vicente Ferrer, que monitora a violência contra as mulheres, entre 25.000 e 100.000 indianas são assassinadas a cada ano por causa do dote.
Diante das crescentes críticas a respeito da falta de segurança para as mulheres, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse ontem que a proteção da mulher deve ser uma prioridade no país. “Respeitar e proteger às mulheres deve ser uma prioridade para todas as pessoas deste país, já que, para seguirmos nosso caminho rumo ao desenvolvimento, necessitamos respeitá-las e garantir sua segurança”, declarou o premiê recém empossado.
Modi se referiu à violência contra a mulher na Índia em seu discurso ao Parlamento nacional para expor suas linhas de governo, transmitido pela TV local. O chefe de governo indiano pediu que deixassem “de analisar a psicologia que há por trás de cada estupro”, após uma série de comentários que definiu como “inapropriados” por parte de diferentes políticos sobre as causas da violência contra a mulher na Índia.