O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou nesta terça-feira (28) em, Riade, onde se reúne com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (MBS), um dos principais dirigentes do reino saudita. O encontro ocorre está previsto para 12h15 (horário de Brasília).
Riade é a primeira parada de Lula em um roteiro pelo Oriente Médio e pela Alemanha, cujo principal compromisso será a participação na Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP 28, que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes (veja mais abaixo).
Em junho, durante viagem a Paris, Lula cancelou um jantar que teria com o príncipe herdeiro. Na época, Lula atribuiu o cancelamento à agenda pesada na Europa nos dias anteriores ao encontro.
A Arábia Saudita e seu governo são frequentemente criticados no Ocidente por violações aos direitos humanos.
Agora, o encontro em Riade visa aproximar o governo brasileiro dos sauditas, que tiveram relação próxima com a gestão de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019-2022.
O país árabe, inclusive, presenteou a então primeira-dama Michelle Bolsonaro com joias, avaliadas em R$ 5,1 milhões. Os itens de luxo foram apreendidos após um assessor do ex-ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou entrar com os itens de luxo no Brasil, no Aeroporto de Guarulhos, sem declará-los à Receita, o que é ilegal.
Lula tem interesse em atrair investimentos dos fundos árabes, financiados com recursos da exploração de petróleo, para obras do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ainda em Riade, o presidente também participará de eventos com empresários.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, tem 38 anos. Ele foi nomeado primeiro-ministro, um cargo tradicionalmente exercido pelo rei, no ano passado. Bin Salman já era líder de fato do país há vários anos, mas ele atuava em cargos como vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa.
Agenda internacional
Essa é a primeira viagem do presidente, que tem 78 anos, após realizar uma cirurgia para colocar uma prótese no encaixe entre o fêmur direito e o quadril, há dois meses.
Lula programou o procedimento para estar apto a realizar o roteiro internacional, que também inclui uma passagem pelo Catar.
Segundo o Itamaraty, presidente quer atrair investimentos estrangeiros e também deve discutir durante a viagem temas como a revisão do acordo entre Mercosul e União Europeia e a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Doha
Lula deve seguir na quinta-feira (30) para Doha, onde participará de fórum com empresários e se encontrará encontro com o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, autoridade máxima do país.
Um dos temas que devem ser abordados, conforme o Itamaraty, é a guerra entre Israel e Hamas, já que o Catar ajudou a intermediar a trégua no conflito para liberação de reféns.
COP 28
Lula participara a partir de sexta-feira (1º), em Dubai, nos Emirados Árabes, da Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP 28.
O evento é considerado importante pelo governo brasileiros para captar recursos a fim de financiar a preservação de florestas e a transição energética. Lula entende que o Brasil tem condições de ser uma liderança global na área.
Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro deve apresentar uma meta mais ambiciosa de redução da emissão de efeitos estufas.
A nova meta deve passar a ser de redução de 53% das emissões até 2030 em relação às emissões de 2005, quando foi firmado o acordo de Paris.
A meta anterior se comprometia com corte de 50% das emissões até 2030. A meta para 2025 também será alterada: de 37% para 48%.
Berlim
Lula seguirá de Dubai para Berlim, com previsão de chegar no domingo (3) à capital da Alemanha para um jantar com o chanceler Olaf Scholz. No dia seguinte, os dois terão audiências de trabalho com a possibilidade de assinaturas de acordos entre Brasil e Alemanha em diferentes áreas.
Lula deve tratar com Scholz sobre as negociações para mudanças de trechos do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciado em 2019, mas ainda em fase de revisão. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai formam o bloco sul-americano.
O acordo só entrará em vigor após a aprovação pelos parlamentos dos países dos dois blocos. Os europeus apresentaram novas exigências na área ambiental e Lula defende mudanças no trecho sobre licitações feitas pelos governos.
O presidente deseja concluir essa revisão antes de encerrar o mandato rotativo à frente do Mercosul, no dia 7 de dezembro.