Piaui em Pauta

-
-
LUÍSA SONZA: "EU QUEBRO TUDO:

LUÍSA SONZA: EU QUEBRO TUDO E MOVO MONTANHAS.

Publicada em 03 de Maio de 2019 �s 14h03



De cabelos molhados, moletom folgado e com a pinscher Regina e a lulu da pomerânia Amora no colo, Luísa Sonza chega ao estúdio de fotografia de Danilo Borges, em São Paulo, discreta e tímida. Antes de sentar na cadeira do camarim, a cantora de 20 anos cumprimenta com um beijo no rosto cada um da equipe que lhe aguarda para esse ensaio de capa da QUEM.

» Siga-nos no Twitter

Enquanto apliques são colocados para alongar suas madeixas loiras e a maquiagem disfarça seus traços angelicais, a personalidade forte da estrela vai se revelando. Filha do agricultor César, de 53 anos, e da professora Eliane, de 48, Luísa nasceu em uma família de mulheres unidas e batalhadoras de Tuparendi, cidade de quase 9 mil habitantes do Rio Grande do Sul. Desde pequena, ela se destacava por suas atitudes que iam contra o padrão de comportamento esperado das meninas da região.

“Sempre fui muito moleca, de subir em árvore, jogar bola com os meninos", conta ela, cuja as dificuldades enfretadas por sua família a transformaram na mulher forte que é hoje. "Minha avó (Marli Gerloff, 67 anos) criou a minha mãe sozinha porque o meu avô foi assassinado quando minha mãe, que era a mais velha das três filhas, tinha apenas 14 anos. Elas tiveram que ter muita força”, explica. Ela ainda hoje se lembra dos ensinamentos que recebia. “Minha mãe sempre me falou: ‘Você nunca pode depender de um homem e largar o seu trabalho’”.

Aos sete anos, já sabia o que queria ser: cantora. Após dez anos no vocal da Banda Sol Maior - que costumava fazer até 21 shows por mês em casamentos, eventos e feiras -, e do sucesso em seu canal do YouTube interpretando covers, a gaúcha entendeu que precisava deixar sua cidade e correr atrás da própria carreira.

“Eu tinha essa vontade de sair da minha cidade. Fiquei dez anos trabalhando lá e acreditava que algo maior fosse acontecer, mas não sabia como. Eu entrava em uma ansiedade, em uma crise de medo... Ficava angustiada”, relembra ela, que se mudou para São Paulo há 3 anos.

Enquanto buscava sua identidade musical e ganhava espaço como cantora, Luísa conheceu o grande amor de sua vida, Whindersson Nunes, o youtuber de mais sucesso do Brasil. Os dois, que começaram a conversar por mensagens no Instagram -- após ele visualizar um vídeo dela --, ficaram noivos com dois anos de namoro. O pedido foi feito em uma gravação do canal do YouTube do humorista, que atualmente tem mais de 35 milhões de seguidores.

No começo do ano passado, Luísa se casou com o piauiense, na época com 23 anos, em São Miguel dos Milagres, Alagoas. Os holofotes se viraram para ela e com a fama vieram as críticas. “Sofri muito no começo. Pense em mim: tão feminista que sou, do jeito que fui criada, ganhando dinheiro desde os sete anos, ser diminuída a ‘está começando e não sabe o que está fazendo’. Mas todos os desafios para mim foram incríveis e ótimos para o meu crescimento porque me fizeram querer ser melhor de mim. Talvez eu não faria (o que fiz), se tivesse tudo de mão beijada e não tivesse que correr atrás de me diferenciar e de desvincular essa imagem (do Whindersson). Ele é um artista muito grande e talentoso. Eu pensei: ‘como é que eu vou sair disso e criar a minha própria identidade?’. Consegui com muito trabalho”, conta.

Neste período, Luísa também lidou com a depressão. Com as terapias semanais, ela conseguiu superar o problema. "Eu tive vergonha, medo, sofri de depressão. É uma coisa séria e tratei logo no começo", relembra ela, que durante o ensaio leu o desabafo que Whindersson dividiu com os seus seguidores do Twitter sobre o período de angústia que estava enfrentando.

Preocupada, ela prontamente ligou para o marido para se certificar de que ele estava bem e mesmo abalada, posou para os últimos cliques da sessão fotográfica para depois seguir direto para sua casa, onde encontraria Whindersson.

"Como qualquer pessoa que ama a outra, estou do lado dele, oferecendo amor, carinho, atenção e apoio nesse momento. Diminuí o ritmo de trabalho e me concentrei em alguns compromissos já marcados para ficar do lado do Whindersson. Não parei agenda, como muitos falaram, eu só desacelerei para ficar com meu marido e oferecer a ele tudo que fosse preciso naquele momento", explicou dias depois do episódio.

Atualmente com vários hits emplacados como Devagarinho, Boa Menina e Pior Que Possa Imaginar, a cantora também se dedica ao seu primeiro álbum. "Esse álbum trará diversas nuances de uma mesma Luísa. Vou mostrar ao público minhas inspirações, meus ideais, posturas, histórias, desabafos. Vocês vão me conhecer mais e entender quem sou, um ser em constante mutação e com aprendizados que se renovam todos os dias", garante.

Apesar de jovem, você tem muita atitude. Como foi sua criação na pequena Tuparendi?
Tive uma infância no interior e sempre fui muito do mato. Tenho uma ligação grande com a natureza, plantas, terra e com os animais. Morei lá até os 17 anos. Sempre fui muito moleca, de subir em árvore, jogar bola com os meninos. Nunca fui muito de brincar de Barbie. Sonhava em ser jogadora de futebol, mas também queria ser de tudo: astronauta, ginasta... O empoderamento começou cedo. Vim de uma família de mulheres. Minha avó criou a minha mãe sozinha porque meu avô foi assassinado quando minha mãe, que era a mais velha das três filhas, tinha apenas 14 anos. Ela teve força para criar as três meninas em uma época em que não era tão fácil ser uma mãe sozinha. Minha avó trabalha como cabeleireira até hoje. Sempre vi essa força e união delas. Isso se estendeu a mim. Tive essa mulheres fortes na minha vida e tenho hoje a minha prima (Nadine Gerloff Darui, 21 anos, atriz, modelo e influencer) que inclusive vive comigo. Nós nos ajudamos muito e sempre tive vontade de ver isso nas outras mulheres. Em cidade pequena, todas as relações são muito próximas e eu via muitas vezes algumas mulheres contra as outras. Eu queria que isso fosse diferente. Foi a partir disso que eu criei essa vontade de sair (da cidade) e fazer uma coisa maior. Queria que o que eu via dentro de casa, se estendesse para as outras mulheres, sem saber que aquilo era empoderamento e feminismo.

No interior, principalmente, muitas pessoas têm aquela ideia ainda de que a mulher tem que se casar e ter filhos...
Vi muitas mulheres desencorajadas a serem alguém na vida. Minha mãe sempre me falou: ‘Você nunca pode depender de um homem e largar o seu trabalho por nada neste mundo. Nunca se sinta menos que alguém por ser mulher’. Porque muitas vezes ela mesma acabou fazendo isso por não ter o entendimento de que não precisava parar a sua vida, de que não devia ser julgada por escolher o trabalho à casa. Ela sempre me incentivou e meu pai também. Deste aprendizado, quis expandir para outras pessoas. Já que eu tenho tanta voz, por que não usá-la para algo que acredito e para o bem? Quando comecei o meu relacionamento com o Whindersson vi até mais essa opressão do que no interior. As pessoas achavam que eu tinha que seguir um rótulo e ser determinada coisa. Teve gente que falou que eu não poderia ser artista porque o meu marido já era, sendo que eu canto desde os sete anos de idade. Eu jamais deixaria minha carreira por causa de um relacionamento. São duas coisas totalmente separadas. Essas coisas que aconteceram comigo, principalmente quando comecei o meu namoro, que evoluiu para o casamento, me deram certeza de que a minha missão era mostrar que, não era porque eu estava casada, que eu precisava largar minha carreira ou ter filho. Meu trabalho vem acima de tudo sempre.

Você começou a cantar muito cedo, né?
Quando eu tinha uns quatro anos, meu pai viajava muito de carro e para economizar, passava dias dirigindo. Para ele não dormir, eu cantava a noite inteira com o meu pai músicas como Sinônimos (Zé Ramalho), No Dia Em Que Eu Saí De Casa (Zezé Di Camargo e Luciano) e Filha (Rick & Renner)... Meus pais sempre gostaram muito de música. O sonho da minha mãe era ser cantora. Então, sempre apreciamos música. Eu pedi e eles me deixaram participar de festivais desde cedo.

Depois você fez parte da Banda Sol Maior, que tinha o vocal formado por um homem e várias meninas. Como foi esse começo de carreira?
A Banda Sol Maior era uma banda de casamento e tocava muito em igrejas e feiras. Acho que cantei em todos os casamentos daquela geração. Sempre foi um ambiente muito saudável. A banda me deu muita experiência de palco, de cantar em grupo e de saber que uma devia apoiar a outra. A gente fazia muitos shows, chegava a 21 shows por mês, e não tinha acompanhamento nenhum. Não tinha aquecimento vocal e era só retorno de chão. Uma ficava rouca, a outra ia lá e ajudava. Até hoje tenho amizade com elas. Algumas foram madrinhas do meu casamento. Não foi uma época fácil. Mas me fez crescer muito cedo e lidar com coisas que, como criança, não tinha que lidar. Tive que ser adulta e ter muita responsabilidade antes do tempo. Era realmente um trabalho. Tinha que me submeter a coisas como qualquer outro assalariado. Tive que calar a boca muitas vezes, chorar escondida... Ter essa experiência cedo me fez crescer como pessoa e ter mais responsabilidade.

Recentemente, você disse que a música te salvou de muitas coisas...
A música salva a gente de várias maneiras. Eu mesma recebo mensagens: ‘Estava em depressão e comecei a acompanhar você e seus clipes e sua alegria me motivou’ ou ‘Eu queria ser cantora, mas tinha vergonha, e você me motivou’. Não foi diferente comigo: eu tive vergonha, medo, sofri de depressão. É uma coisa séria e tratei logo no começo. A música sempre me motivou a querer mais e criou um sentido para a minha vida. Ela me salva de qualquer coisa ruim.

Luísa Sonza Aspas (Foto: )
Esse sentimento veio em decorrência desta vontade de ir atrás da sua carreira?
Eu tinha essa vontade de sair da minha cidade. Fiquei dez anos trabalhando lá e acreditava que algo maior fosse acontecer, mas não sabia como. Eu entrava em uma ansiedade, em uma crise de medo... Ficava angustiada. Mas a depressão veio em um momento mais tarde, quando comecei a lidar com a fama. Foi muito no começo. Quando foi diagnosticada, já tratei e ainda faço terapia toda semana. Não é só para quem está com problema, terapia tem que ser para todo mundo. Mas não tenho muito o que dizer sobre essa fase. Sou reservada.

Você começou a se tornar conhecida pelos covers. Como foi descobrir a própria identidade musical?
Descobrir a minha identidade musical foi a parte mais difícil. A sociedade te pressiona a entrar em um rótulo: ‘Você faz sertanejo, música eletrônica, pra balada?’. Eu me encontrei em um momento em que pensei: ‘Me perdi. Eu quero fazer tudo’. Eu quero tocar as pessoas de várias formas. Até que eu pensei: ‘Não sei e tudo bem não saber’. Ao mesmo tempo que eu não sabia, fui fazendo e encontrando o meu estilo. Você vai entender que nem sempre o que você gosta de escutar é o que você tem que cantar necessariamente. Lógico que tem que amar de paixão o que canta, mas seu eu for cantar o que eu gosto de ouvir, vou parecer uma louca. Eu gosto de funk, blues, rock, pop, sertanejo... Se eu fosse tentar cantar todos os estilos, talvez eu me perdesse.

Foi por causa do YouTube também que você conheceu o Whindersson Nunes. Foi complicado ter que lidar com o rótulo de ser mulher dele depois de anos trabalhando como cantora?
Sofri muito no começo. Pense em mim, tão feminista que sou, do jeito que fui criada, ganhando dinheiro desde os sete anos. Daí eu sou diminuída a: ‘está começando e não sabe o que está fazendo’. Mas todos os desafios para mim foram incríveis e ótimos para o meu crescimento porque me fizeram querer ser o melhor de mim. Talvez eu não faria, se tivesse tudo de mão beijada e não tivesse que correr atrás de diferenciar essa imagem, de desvincular essa imagem (do Whindersson). Ele é um artista muito grande e talentoso. Eu pensei: ‘como é que eu vou sair disso e criar a minha própria identidade, me desvinculando dele?’. Consegui com muito trabalho. Foi muita vontade minha porque não é fácil. As pessoas querem diminuir a gente, ainda mais por ser mulher. Não é só comigo. Se você reparar, qualquer mulher que tem uma carreira é vinculada a um homem. Acho que isso me dá mais força para mostrar que a mulher é independente, sim. Nunca fiz nada que me vinculasse a ele. Até mesmo porque são nichos diferentes. Levei isso como desafio e hoje considero que consegui me desvincular totalmente. Tem fã que nem sabe e me fala: ‘Você namora com o Whindersson?’. Para mim, o maior elogio é falar isso.

É verdade que você sempre fez questão de dividir todas as contas com o Whindersson, mesmo quando não ganhava tão bem quanto ele?
Sempre dividi as contas e até hoje tudo é totalmente dividido. Graças a Deus, cheguei em um patamar diferente, mas já tive que ralar muito para fazer isso. Tudo é dividido em casa: aluguel, luz, água, mercado... E ele ganhava muito mais do que eu. Mas eu queria isso porque acho que a gente tem que correr atrás do nosso. A gente tem que buscar essa independência desde cedo porque o homem busca. Ele é ensinado a crescer, arrumar um bom emprego, ser bem de vida e sustentar a casa. A mulher é ensinada a encontrar um homem que faça isso. Eu não acho que tenha que ser assim. A mulher tem que aprender a ganhar o seu dinheiro e ser independente. O trabalho, acima de tudo, é a coisa mais importante para uma mulher. Eu tenho pais que me incentivaram a ser uma mulher que busca sua independência. O Whindersson também sempre foi muito parceiro e me respeitou como mulher, minhas escolhas e minha carreira. Assim como eu respeito a dele e sei que é a coisa mais importante da vida dele. Um incentiva o outro. Acho isso lindo. Queria que todos os relacionamentos fossem assim. Ele estava dois meses fora e falava: ‘amor, quero voltar. Não aguento mais’. Eu falava: ‘amor, este é o seu sonho e você tem que ficar. A gente vai ter o resto da vida para se ver’.

Quais foram as suas primeiras impressões do Whindersson?
O Whindersson é incrível. Se você conversa um dia com ele, já nota isso. Ele é uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci. Com uma visão incrível de carreira e de vida. E acima de tudo, ele tem um coração bom. Sempre vi isso nele. Eu não tinha isso na minha realidade antes, de pessoa que tivesse a índole boa. Interior você sabe como é. Amo a minha cidade e minhas raízes, me orgulho muito dela, mas é como aquela frase: 'convivência não é o problema, convivência revela os problemas'. Em cidade grande a gente tem essa distância maior das pessoas. Em cidade pequena, todo mundo se conhece. Ele veio de cidade pequena também, mas ele tinha índole diferente e alma totalmente iluminada. Ele é muito para frente. Ele faz aquelas dancinhas nos vídeos, mas ele é uma pessoa muito inteligente. Admiro muito isso nele. Acho que admiração é o primeiro pilar do relacionamento. A primeira coisa que você tem que pensar é: ‘Eu admiro essa pessoa?’. Se você não admira, o relacionamento não vai para frente, as coisas ficam mais difíceis, não tem respeito.

Volta ou outra, você comenta que os fãs te cobram filhos. Isso incomoda?
Eu sinto essa pressão para ter filhos, mas não ligo. Deixa as pessoas quererem. Eu e o Whindersson que temos que decidir. Eu levo numa boa. Já me importei e me incomodei mais. Acho que muita gente quer ver porque ama a gente como casal, a nossa família com as nossas cachorrinhas, e criam essa expectativa. Acho que tem que parar de existir essa pressão. Conheço muita mulher que falava que tinha que ter filho porque o marido queria. E você? Não importa se o marido quer ou não quer. Você é a mãe! Pelo Whindersson, em três meses de namoro, a gente já tinha filho. Eu falei: ‘nem que a vaca tussa’. E ele respeitou isso. O mais importante é não ter a pressão dentro de casa e ter o respeito. Muitas mulheres vivem isso de se sentir pressionadas a terem filhos em um momento em que não estão preparadas, que teriam que se dedicar à carreira, mas deixam a carreira de lado... Essa é a cena clássica. E isso não deve acontecer. Mulheres, respeitem o seu tempo!

Nos seus outros relacionamentos, você sofreu com homens que achavam que uma menina para casar não podia rebolar até o chão ou usar roupas mais ousadas?
Passei por isso, mas sempre tive personalidade muito forte. Eu quebro tudo e movo montanhas. É que nem eu falo em Boa Menina: ‘não deixem te dizer o que deve fazer’. Muitas vezes, foi implantado em mim esse pensamento do que uma boa menina deve ser. Tive uma desconstrução para entender que não era assim. Mas nunca fui muito presa também a isso. Por mais que eu era ensinada que o certo era assim, eu falava: ‘Foda-se o certo! Eu faço o que eu quiser’. Hoje sei que este não é o certo, que a mulher tem que fazer o que quiser e que por ser recatada ela não é mais ou menos que outra mulher. Mulher tem que ser o que ela quiser ser, assim como o homem. A gente tem que lembrar sempre de respeitar o próximo.

Como é ser casada com um humorista? Tem como rolar uma DR?
Nós dois somos bem brincalhões. Às vezes, a gente tenta brigar, mas tudo acaba em riso. É começo de relacionamento, né? Quando eu tiver dez anos de relacionamento, talvez não seja a mesma coisa. Tem muito diálogo. Incrível como a gente consegue conversar e sempre entrar em um acordo que é bom para os dois. Quando a gente discute, a gente logo já entra em um consenso e acaba rindo. Sou mais brincalhona que ele na relação. Sempre um acaba fazendo o outro rir. A gente acha engraçado ser casado e estar tendo DR de casado. Porque a gente é muito novo. É aquilo de: ‘baixa a tampa do vaso’, ‘tira a toalha da cama’. No final acaba virando uma brincadeira.

A Carolina Dieckmann, que assim como você teve nudes vazados, quando compartilha em sua rede social uma foto mais sensual, costuma receber comentários como: ‘depois reclama quando vaza nudes’. Você enfrenta isso também?
A gente tem que continuar lutando. O corpo é meu e eu faço o que eu quiser. A gente está tão retrógrado e atrasado. Não sinto raiva porque é criação dos brasileiros. Uma sociedade patriarcal, machista. Não vou julgar, mas quem tem consciência tem que lutar sem ódio. O ódio não resolve nada. Sei que nós mulheres, quando escutamos um negócio desses como ‘merece ser estuprada’, sente raiva, mas a gente tem que ser superior neste momento. Se você tem ódio no seu coração e quer me diminuir como ser humano por eu ser mulher ou expor meu corpo, fique na sua pequeneza e sua bolha que é totalmente ignorante. A gente tem que tentar conversar e as mulheres têm que se unir. As mulheres que querem vestir uma burca, tem que respeitar as mulheres que querem andar de biquíni fio-dental. E vice-versa. Respeito e amor resolvem tudo. Quando você rebate com ódio, vira uma guerra e ninguém vence. A gente tem que lutar, mas lutar com clareza e amor. Tem vezes em que tenho que parar, pedir iluminação divina, porque sou estressada. A vontade que eu tenho é mandar meio mundo à merda porque a gente se revolta com o jeito que as pessoas pensam sobre cor da pele, orientação sexual. É tão absurdo que não entra na minha cabeça, mas a gente tem que respirar fundo e pensar: 'vamos mudar isso e vamos tentar conscientizar as pessoas de uma maneira superior e não entrar nessa onda de ódio que a gente vive hoje'.

E em relação aos padrões de beleza, já sofreu muito com isso?
Sempre tive uma autoestima alta, mas com 15 quilos a mais foi a fase em que tive mais autoestima baixa. Com a exposição, recebi muitos comentários me diminuindo, me chamando de gorda. Foi uma época em que passei a odiar muito o meu corpo. Tenho muitas estrias e celulite, como qualquer outra mulher... Tenho o peito natural, não tenho silicone, e tirei uma foto que foi um bombardeio. As pessoas falando que o meus peitos eram caídos. Nesta época, já estava muito segura, mas se fosse um pouco antes... A partir do momento em que comecei a amar meu corpo do jeito que ele era, emagreci porque passei a respeitá-lo. Isso foi muito louco. Hoje em dia tenho zero problema. Como de tudo mesmo. Não faço dieta e continuo com o meu corpo do jeito que eu gosto e bonito. Eu tenho uma beleza considerada padrão, mas tenho celulite, estrias, muitas varizes. Hoje em dia eu ando lindamente, mostro celulite. Se aparecer, apareceu. Não forço para aparecer. Se tem aquela luz que fica tudo lindo, tudo bem. Sou totalmente resolvida com o meu corpo. Não mudaria nada.

Você não é contra plásticas?
A galera tem uma fixação em me colocar silicone, mas neste momento estou satisfeita com o meu peito assim. Se um dia resolver colocar, não vejo problema algum também. Já coloquei boca. Nada vai fazer eu tirar porque essa boca sempre foi minha. Estou totalmente realizada por enquanto. Quando eu quiser mudar, mudo. É assim que tem que ser, ter essa liberdade de querer mudar ou não.

Voltando a falar de carreira, você já faz planos de investir internacionalmente no seu trabalho?
Sempre planejei a minha carreira, desde de Tuparendi. Pensava: 'quando eu chegar a tantos milhões de seguidores, farei a primeira música autoral'. Tudo sempre foi muito planejado. Sou muito nova e me considero uma artista em construção. Tenho muita coisa em construção que ainda não mostrei pelo tempo de carreira em que estou conhecida. Quero ainda mostrar muita coisa para o meu país antes de ir para fora. Não fiz turnê ainda aqui, nem lancei o meu primeiro álbum. Até então, fiz singles, que fizeram muito sucessos e um EP, que não fez sucesso, mas que foi um começo e mostrou que a Luísa não fazia mais covers. Meu público entendeu que eu era autoral. É uma carreira bonita e exponencial, mas que é muito recente. Tenho muito público em Portugal, no México e inclusive nos Estados Unidos, mas o foco é no Brasil ainda. O planejamento da carreira para fora está longe de começar ainda.

E como será o seu primeiro álbum?
Esse álbum trará diversas nuances de uma mesma Luísa. Vou mostrar ao público minhas inspirações, meus ideais, posturas, histórias, desabafos. Vocês vão me conhecer mais e entender quem sou, um ser em constante mutação e com aprendizados que se renovam todos os dias. Tem muita coisa autoral, parcerias e sobre ritmos, temos variações de estilos dentro do pop, justamente para mostrar essa diversidade que o álbum se propõe.

CRÉDITOS
Reportagem: Marina Bonini
Fotos: Danilo Borges
Stylist: João França Ribeiro
Assistência e produção: Júnior Martins e Marina Costa
Make: Pedro Moreira
Assistente de make: Daniel Araújo de Oliveira

CAPA
Brincos Eduardo Caires

LOOK BEGE
Top Skazi, short Minha Avó Tinha, casaco Burberry, bota Croqui, colar Higher, 2 pele Comme Des Garçons

LOOK PRETO
Maiô Gucci, cinto Kaoli, jaqueta de couro Miumiu, sandália Versace

LOOK VERMELHO
Minha vó tinha e jaqueta Ellus
Tags: De cabelos molhados - Luisa Sonza

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
Comente atrav�s do Facebook
Mat�rias Relacionadas
Publicidade FIEPI
Publicidade Assembléia Legislativa (ALEPI)
Publicidade FSA