SÃO PAULO - A Polícia Federal indiciou, nesta quinta-feira à noite, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e outras sete pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa. Othon, que é almirante, foi preso na 16ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de Radiotividade. Os investigadores suspeitam que o almirante possa ter recebido até R$ 30 milhões desviados de contratos para a construção da usina nuclear Angra 3. Além do militar, foram indiciados a filha dele, Ana Cristina Toniolo, e o presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio David Barra.
Em abril deste ano, o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, afirmou em depoimento de delação premiada que houve “promessa” de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear nas obras da usina nuclear Angra 3. Segundo Avancini, a Camargo Corrêa foi informada em agosto de 2014 de que havia “compromissos” de pagamento de propina equivalente a 1% dos contratos das obras da usina ao PMDB e aos diretores da Eletronuclear. Somados, os contratos de Angra 3 chegam a R$ 3 bilhões, de acordo com o executivo.
De acordo com a PF, ha evidências de que as empresas que venceram a licitação para a montagem eletromecânica da usina “fizeram um ajuste para que houvesse a divisão das partes que seriam licitadas na obra”. Os investigadores informaram ainda que houve direcionamento das licitações.
O relatório aponta que dos R$ 30 milhões que teriam ido para o militar, R$ 4,5 milhões foram pagos para a Aratec Engenharia, controlada por ele. Em depoimento à PF, o almirante negou as irregularidades e disse que o pagamento foi feito por conta de serviços de tradução prestado por sua filha.