Dois dos quatro presos da 22ª fase da Operação Lava Jato deixaram a prisão, em Curitiba, por volta das 18h25 neste domingo (31). Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito, ligados à Mossack Fonseca, empresa especializada na abertura de offshore, sairam da cadeia porque venceu o prazo da prisão temporária. O Ministério Público Federal (MPF) ou a Polícia Federal (PF) não solicitou a prorrogação ou conversão da prisão em preventiva.
Já a publicitária Nelci Warken teve a prisão temporária renovada. Isso significa que ficará até mais cinco dias na carceragem da Polícia Federal. A decisão é do juiz federal Sérgio Moro e foi publicada neste domingo.
Esta última fase da Lava Jato foi deflagrada na quarta-feria (27) e investiga a abertura de offshores (empresas no exterior) e a compra de apartamentos no Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), construído pela OAS, para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras. Existe a suspeita de que há um mecanismo para se esconder os reais donos dos imóveis.
"Renata Pereira de Brito e Ricardo Honório Neto, em princípio, são co-autores secundários ou de menor participação dos crimes imputados, sendo os reais controladores da Mossack Fonseka Maria Mercedes Riano Quijano e Luiz Fernando Hernandez Rivero, que também possuem mandados de prisão temporária, permanecem em local desconhecido", afirma o MPF.
Apesar da liberdade, eles terão que respeitar algumas exigências. Renata e Ricardo estão proíbidos de deixar o país ou mudarem de endereço, sem a autorização da Justiça; devem entregar o passaporte em 48 horas; não podem voltar a trabalhar na Mossack; devem comparecer a todos os atos do processo e de atender convocações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Em relação as suspeitas envolvendo a publicitária Nelci Warken, na avaliação do MPF, ficou comprovado que a publicitária ocultou a propriedade de bens.
A permanência dela na cadeia, dizem os procuradores, visa evitar a dilapidação do patrimônio identificado em nome da offshore Murray Holdings, que está em nome da comadre de Nelci, Eliana Pinheiro de Freitas.
De acordo com o juiz Sérgio Moro, há provas do envolvimento da publicitária em fraudes.
“Há provas, em cognição sumária, da prática por ela de diversas fraudes, para ocultar patrimônio e para simular negócios jurídicos, com destaque a aparente fraudulenta transferência de patrimônio entre a Paulista Plus e a Murray Holdings”, diz trecho do despacho de Moro.
Ainda conforme o juiz, não ficou claro como as empresas de Nelci e a pórpia publicitária adquiriram o patrimônio que têm. “(...) Remanescendo a suspeita de que as teias de fraude e ocultação visem beneficiar terceiro não-identificado”, afirma Moro.
Ao G1, o advogado da publicitária Nelci Warken, Alexandre Crepaldi, avaliou a prorrogação da prisão como descabida e disse que tomará providências durante a semana.
Ele voltou a negar envolvimento da cliente em irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato. “Estou completamente desmotivado porque acho que é uma decisão inadequada, mas vou tomar as minhas providências”, finalizou.
O advogado já havia dito em ocasiões anteriores que a publicitária adquiriu este e outros imóveis ao longo de 45 anos de trabalho.
Outros investigados
Segue preso Ademir Auada, que de acordo com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal, é o real responsável pela offshore Murray Holdings, que está em nome da comadre de Nelci Warken, Eliana Pinheiro de Freitas.
Segundo o MPF, ainda precisa ser esclarecida a ligação entre Nelci Warken e Ademir Auada. "Não restou, contudo, esclarecida sua efetiva ligação com Ademir Auada, que destruiu vasto material probatório que deve ser reconstituído (...)".
Há mandado em aberto contra Maria Mercedes Riano Quijano e Luis Fernando Hernandez Rivero, que são tidos pela investigação como os administradores da Mossack Fonseca.