O acordo assinado pela CBF com uma empresa de material esportivo americana, em 1996, também virou alvo de investigação do departamento de Justiça dos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, o órgão divulgou relatório com a suposta propina paga pela marca ao dirigente da confederação responsável pela negociação e à empresa "Traffic Brazil", agência de marketing que tinha acordo com a CBF. Apesar de não ter o nome revelado, a empresa que fechou acordo com a CBF, na data, foi a Nike.
Pelo documento, a empresa de material esportivo aceitou pagar US$ 160 milhões por dez anos de contrato para ser um dos patrocinadores e o fornecedor de material exclusivo da seleção brasileira. Porém, a investigação aponta que outros US$ 70 milhões (R$ 220 milhões) foram pagos à Traffic - e divididos com o representante da CBF, conforme descrito abaixo.
Primeiro, as partes incluíram um aditivo financeiro no valor de US$ 40 milhões (R$ 126 milhões) a ser pago pela Nike numa conta em um banco da Suíça. A cifra serviria como compensação à Traffic Brazil, que representava a CBF.
De acordo com o relatório, em seguida, uma nova cláusula foi acrescentada ao contrato. Pelo item, a Traffic teria o direito a compensações por acordos de marketing. O documento divulgado pela Justiça diz que os valores acumulados giraram em torno de US$ 30 milhões (R$ 95 milhões) e foram pagos entre 1996 e 1999, ano em que as partes concordaram em extinguir a cláusula.
Ainda de acordo com o relatório, que trata os envolvidos nos casos como co-conspiradores, o co-conspirador 2 aceitou dividir o montante com o co-conspirador 11. O primeiro, segundo o documento, é o dono da Traffic, o empresário José Hawilla (que assumiu culpa perante à Justiça dos Estados Unidos). O segundo, na descrição, é um alto dirigente ligado à Fifa, Conmebol e a CBF, que teria recebido metade da quantia recebida pela Traffic - US$ 35 milhões (R$ 110 milhões).
O relatório também explica que a Nike foi responsável por pagar a rescisão de contrato da CBF com a Umbro. Pela quebra do vínculo, a empresa recebeu US$ 10 milhões (cerca de R$ 30 milhões). A Nike segue, até hoje, como patrocinadora oficial da seleção brasileira. Em comunicado, a fornecedora de material esportivo disse estar colaborando com as investigações e mostrou-se preocupada "com as sérias acusações feitas".
- Como todos os nossos fãs ao redor do mundo, nós somos apaixonados pelo jogo e estamos preocupados com essas acusações muito sérias. A Nike acredita fortemente em ética e fair play tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda e qualquer forma de manipulação ou propina. Nós já estamos cooperando, e seguiremos cooperando, com as autoridades - informou a Nike.