A 2ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal converteu em domiciliar a prisão preventiva do empresário José Raimundo de Oliveira. Ele foi preso suspeito de traficar o sedativo Cetamina, usado para fabricar a droga conhecida como Keyla, para traficantes em Brasília.
Na decisão do dia 17 de novembro, o juiz Tiago Pinto de Oliveira acatou o pedido da defesa do empresário, que comprovou que ele é portador de doença grave consistente em aneurisma e segmento descendente da aorta torácica, o que demanda cuidados especiais.
O magistrado aplicou ao investigado a medida cautelar de comparecimento periódico em juízo, mensalmente, para informar e justificar atividades, bem como para atualizar seu endereço.
No dia 8 de novembro, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou uma operação contra um grupo suspeito de traficar cetamina entre o Distrito Federal e o Piauí. Duas pessoas em Teresina e Brasília foram presas.
Um dos presos foi o empresário José Raimundo de Oliveira, dono de um pet shop e loja de produtos agro-veterinários em Teresina, que atuava com os dois filhos.
Como parte da investigação, a Polícia Civil apreendeu uma carga de sedativos na casa dos filhos do empresário. Foram cumpridos na capital piauiense quatro mandados de busca e apreensão.
A droga apreendida foi a cetamina, quetamina ou ketamina, também conhecida como Special K, que é utilizada para alívio da dor e sedação em cirurgias - de humanos e, mais comumente, de animais -, mas algumas pessoas utilizam como droga recreativa porque a medicação tem poder alucinógeno. O medicamento é comumente utilizado em raves.
Rota da droga
Conforme as investigações, a obtenção da droga acontecia por meio de compra realizada pelo pet shop em Teresina, sob a justificativa de uso do medicamento para animais. Ele usava os CNPJs para adquirir a substância na indústria.
O empresário administrava a empresa com a ajuda dos dois filhos, os quais também eram responsáveis pela empresa, sendo um deles veterinário e o outro gerente. Ambos os filhos também são investigados pela PCDF.
Segundo a Polícia Civil do Piauí, o fornecimento da empresa teresinense já estava conhecido entre outros traficantes compradores.
A empresa da família, segundo a polícia, enviava a droga para o DF por meio de empresas interestaduais de ônibus que fazem esse trajeto que leva, em média, um dia e meio para o desembarque na rodoviária interestadual do Plano Piloto.
“Quando a carga chegava, um funcionário da empresa de ônibus comunicava o líder do grupo que mandava um outro comparsa pegar a encomenda, que sempre era acompanhada de nota fiscal falsa que indicava a remessa de outros produtos para ludibriar uma eventual fiscalização”, explicou o delegado da PCDF, Erick Sallum.
Fornecedor substituto
As investigações confirmaram que além do fornecedor de Teresina, o líder possuía um substituto em Alexânia, também proprietário de loja de produtos veterinários. Quando havia dificuldade de remessas de Teresina, a solução era adquirir com o fornecedor mais próximo. Já no DF, a droga era estocada no flat do líder, em Águas Claras, para a revenda a usuários finais e diversos outros pequenos traficantes.
Segundo o delegado, o líder do esquema criminoso já possuía extensa ficha criminal, porém não havia sido preso nos últimos dez anos por conta de arquivamentos, prescrições e extinções de punibilidade.
“Esse criminoso possuía um veículo Mercedes Benz, modelo C 180, bem como imóveis em nomes de terceiros para ocultar seu patrimônio. Também gostava de ostentar nas redes sociais, onde se apresentava em baladas e viagens ao exterior, sendo bastante conhecido pelo seu pseudônimo”, contou Sallum.