A Justiça Federal do Paraná aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o doleiro Alberto Youssef nesta quarta-feira (23). Ele está preso desde março por um esquema que, segundo a polícia, envolve personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil. A partir de agora, ele passa a ser réu. Além dele, outras seis pessoas também tiveram as denúncias aceitas pelo juiz federal Sérgio Moro.
(Correção: O G1 errou ao informar que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teve a denúncia aceita pela Justiça. Na realidade, a partir da denúncia do Ministério Público Federal, a Justiça Federal do Paraná tornou réus Alberto Youssef, Carlos Alberto Pereira da Costa, Esdra de Arantes Ferreira, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles, Pedro Argese Junior e Raphael Flores Rodriguez. A denúncia contra Paulo Roberto Costa deve ser apreciada posteriormente pela Justiça. A informação foi corrigida às 17h00.)
A operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março e resultou na prisão de Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, suspeito de chefiar suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.
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Youssef está preso desde o dia 17 de março e é investigado por ser um dos cabeças do esquema. A operação Lava Jato foi realizada no Paraná, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
As denúncias apresentadas pelo MPF foram por evasão de divisas, lavagem de dinheiro, fraude em contratos de câmbio, operar instituição financeira sem autorização e formação de quadrilha. Nesses crimes, segundo a procuradoria, aparecem os nomes de Youssef e de Carlos Alberto Pereira da Costa, Estra de Arantes Ferreira, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles, Pedro Argese Júnior e Raphael Flores Rodrigues.
O MPF também formulou denúncias contra Carlos Alexandre de Souza Rocha, Rene Luiz Pereira, Sleiman Nassim El Kobrossy, Maria de Fátima Stocker, Carlos Habib Chater, Rene Luiz Pereira, André Catão de Miranda, Raul Henrique Srour, Rodrigo Henrique Gomes de Oliveira Srour, Rafael Henrique Srour, Valmir José de França, Maria Lucia Ramires Cardena e Maria Josilene da Costa, além do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. As denúncias contra essas pessoas devem ser apreciadas posteriormente pelo juiz.
Segundo o advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, o agora réu teve suas conversas gravadas de forma clandestina na cela da PF. "O equipamento estava escondido na cela e foi encontrado pelo meu cliente. É um absurdo tudo isso e, acima de tudo, ilegal", disse Basto. A PF negou as acusações de ter feito escutas ilegais e que vai investigar como o aparelho foi encontrado na cela.
Paulo Roberto Costa também está preso. A primeira denúncia apresentada contra ele pelo MPF foi por tentativa de atrapalhar as investigações sobre o caso. Quando foi preso, os policiais o flagraram tentando destruir material que pode ser usado como prova contra ele.
Costa é investigado por favorecer uma empresa de fachada de propriedade do doleiro em um contrato com a estatal. As denúncias sobre as ligações dele com Youssef ainda não ficou pronta e deve ser apresentada em outra oportunidade pelo MPF.
Fim do segredo de justiça
O juiz federal Sérgio Moro também decidiu retirar o processo do sigilo de justiça em que se encontrava. Na determinação, ele alega que, conforme as denúncias, a administração pública pode ter sido vítima das ações dos acusados. Por essa razão, ele acredita que não há mais razão para que os autos do processo não possam ser de conhecimento público.