O juiz da 2ª Vara Cível de Teresina, José Ramos Dias da Silva Filho, suspeito de participação na venda de sentenças e furto de processos da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Piauí, negou nesta quinta-feira (20) seu envolvimento nos casos e afirmou desconhecer os três homens, entre eles um advogado, presos em flagrante ao saírem do prédio do TJ-PI com um processo contra o magistrado.
“Eu não conheço nenhum dos três que foram presos com esse processo e desconheço o porquê deles estarem fazendo isso, justamente em um processo que cita meu nome. Um dos meus advogados, que cuidava dos meus casos, já morreu e nego veemente minha participação com essas pessoas”, disse.
Juiz da 2ª Vara Cível de Teresina, José Ramos Dias da Silva Filho (Foto: Reprodução/TV Clube)
O magistrado falou que ainda não foi notificado e que os suspeitos estão querendo armar contra ele, mesmo sem o conhecerem. “Eles estão querendo armar contra mim e a corregedoria, não sei explicar o motivo de eles estarem pegando logo meu processo. Isso é uma armação contra a minha pessoa”, afirmou José Ramos.
Enquanto as investigações estão ocorrendo, o juiz continua trabalhando normalmente e disse que quando for notificado prestará todos os esclarecimentos. “Continuo trabalhando, inclusive nesta quinta-feira (20) despachei normalmente. Assim que eu tomar conhecimento de tudo que está acontecendo, irei preparar minha defesa, pois tenho total direito”, relatou.
O corregedor geral de Justiça do Piauí, desembargador Sebastião Ribeiro Martins, revelou nesta quinta-feira (20) que uma sindicância será instaurada para investigar a participação do juiz na venda de sentenças e furto de processos da Corregedoria do Tribunal de Justiça e que o magistrado será afastado com a abertura de um novo procedimento. José Ramos Dias da Silva Filho já responde por quatro ações de desvio de conduta.
"A sindicância será aberta até a próxima semana e faremos uma inspeção extraordinária na 2ª Vara Cível de Teresina. Caso comprovado o envolvimento do juiz no caso, ele teria a aposentadoria compulsória declarada. Toda a decisão cabe ao pleno da corte, ou seja, os outros desembargadores precisam concordar. É lamentável uma situação como essa e não entendo como um magistrado participaria de um esquema desse, já que os processos também são digitalizados", declarou.
Entenda o caso
Três pessoas foram presas em flagrante na tarde dessa quarta-feira (19) suspeitas de furtar processos da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Piauí. Um vídeo divulgado pela polícia mostra um dos suspeitos pagando propina a uma funcionária do setor de limpeza, após ela ter roubado um processo. A mesma mulher foi quem denunciou aos superiores que acionaram a polícia.
Segundo o delegado Menandro Pedro, titular do Greco, o processo furtado apura denúncias contra o juiz da 2ª Vara Cível de Teresina. "O teor do documento é uma reclamação de um magistrado de São Paulo contra a decisão deste juiz, no qual envolve questão de terras. O advogado, funcionário público e o administrador foram presos em flagrante suspeitos de participação no esquema", explicou.