Leo Spigariol (à esquerda) e Marcelo Prado Filho: "Não fazemos pimenta gourmet"
Com misturas inusitadas e comunicação bem humorada, dupla de jovens empreendedores ocupa o mercado gastronômico
Imagem: Reprodução/IGLeo Spigariol (à esquerda) e Marcelo Prado Filho: "Não fazemos pimenta gourmet"A ideia milionária de Marcelo Prado Filho, de 27 anos, e Leo Spigariol, 35 anos, nasceu em uma viagem de férias com a família. Primos, em passeio pelo Chile, desbravaram a rota culinária da região e descobriram seu futuro: uma fábrica de molho de pimenta.
Mas eles não queriam um produto comum. Prado e Spigariol resolveram propor algo novo, com um apelo um tanto mais criativo. Depois de uma viagem ao México para investigar sabores e de um aporte de R$ 2 milhões – recuperados já no primeiro ano de operação –, nasceu a De Cabrón, uma fábrica de molhos de pimenta nada convencionais, localizada em Santa Cruz do Rio Pardo, no interior de São Paulo – mas que eles preferem chamar de velho oeste paulista. saiba mais Marky Ramone: Se você busca sucesso, crie algo completamente novo Carioca cria banco de fotos colaborativo mirando demanda por imagens no mercado brasileiro Norma da Anvisa desburocratiza criação de pequenos negócios Menino de 13 anos cria startup de venda de material escolar Os negócios preferidos das mulheres que empreendem Leia mais sobre Empreendedorismo
Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarChipotles da De CabrónPrado é artista plástico e Spigariol é designer gráfico. Eles garantem que foi a pouca proximidade com o mundo da gastronomia que permitiu a criação de produtos tão pouco convencionais como a pimenta com goiaba e o molho inspirado em Jack Daniel’s com Coca-Cola. “A gente consegue inovar justamente porque não estamos apegados aos padrões. Sempre quisemos fugir disso”, conta Spigariol.
O pai de Prado, que também é sócio da empresa, foi o primeiro a rejeitar o estilo da De Cabrón. “Eu me perguntava quem compraria uma comida com uma caveira no rótulo? Achava horrível”, diz. De antemão, já avisam: “Nós não fazemos pimenta gourmet”. “Trabalhamos com bons ingredientes e combinações inusitadas. Esse rótulo não serve para a gente”, aponta Prado.
Aparentemente, o conceito pegou. Em um ano a empresa já pagou o investimento, com o primeiro faturamento anual fechado. São 20 mil vidros de molho pimenta produzidos mensalmente e vendidos em mais de 1,2 mil pontos de venda em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Além de lançar novos produtos e levar a De Cabrón para o mercado europeu, a dupla tem uma meta ousada: planeja colocar a festa da pimenta no calendário oficial de Santa Cruz do Rio Pardo.
O garoto-propaganda e criador dos molhos é o “mestre pimenteiro” Chincho Cabrón, em uma clara referência à Lucha Libre mexicana. De máscara com bigodes em forma de pimenta, ele mais parece um clássico “luchador”, do wrestling latino. Os sócios fazem mistério quanto à real identidade do responsável pelo molho de pimenta com goiaba, pela marinada Barb-o-que, entre outros produtos da linha.
Além dos molhos de pimenta de criação de Chincho Cabrón, há outros assinados por chefes de cozinha renomados – e de postura e visual tão agressivo quanto a picância dos molhos. O chef Henrique Fogaça, do restaurante SAL, de São Paulo, assina o molho de pimenta com maracujá, de picância “profissa”, a segunda mais forte da escala da marca. A Jack’n’Cola, assinada por Carlos Bertolazzi, do Zena Caffé, também na capital paulista, é feita com aroma inspirado no bourbon Jack Daniel’s e Coca-Cola e deve chegar aos mercados em poucas semanas.
O último lançamento foi o molho Blitzkrieg, assinado pelo baterista do Ramones, Marky Ramones. Para este molho, foi criado um nível de picância superior ao insano, batizado de punk.