Tristane Banon, jornalista francesa que acusa o ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Stauss-Kahn de tentativa de estupro, anunciou nesta segunda-feira que continuará sua luta na Justiça, mesmo se o tribunal encarregado pelo processo decidir arquivar o caso.
Banon, 32, concedeu sua primeira entrevista a uma televisão francesa, no dia seguinte à de Strauss-Kahn a outro canal, no último domingo, diante de uma audiência recorde de 13,4 milhões de telespectadores.
O político negou qualquer tentativa de estupro e declarou que a denúncia da jornalista era uma "versão imaginária e uma calúnia".
"Porque não acreditam na gente? O que eu teria a ganhar com isso?", rebateu Banon, que alega que Strauss-Kahn tentou estuprá-la em 2003, durante uma entrevista exclusiva que teria concedido em um apartamento parisiense.
"Quando uma pessoa como eu resolve entrar com uma queixa, não é normal que seja criticada desta forma. Também não é normal que alguém que ainda responde a dois processos em dois países seja entrevistado por 20 minutos por um telejornal, como se fosse um astro de rock", lamentou.
Além do inquérito sobre a suposta tentativa de estupro na França, o ex-diretor-gerente do FMI ainda precisa responder a outro processo nos Estados Unidos, após uma ação cível movida pela camareira Nafissatou Diallo, que pede indenização por "danos psicológicos e físicos, assim como permanente prejuízo profissional e em sua reputação".
CONTROVÉRSIAS
A Justiça americana abandonou o processo penal por ter "levantado sérios questionamentos a respeito da credibilidade dos depoimentos Diallo", que acusa político francês de tê-la estuprado em maio.
Após ter ouvido cerca de vinte pessoas, entre elas Tristane Banon e Dominique Strauss-Kahn, a polícia francesa deve entregar à justiça um relatório nos próximos dias.
De acordo com uma fonte próxima ao inquérito, o acusado teria confessado "ter tentado seduzir" a moça, mas negou qualquer violência.
Caso a Justiça decida arquivar o caso, Banon avisou que vai apresentar outra queixa, como parte civil, o que teria como conseqüência a nomeação de um juiz de instrução encarregado do inquérito.
"O caso não está vazio, não é apenas palavra contra palavra", completou a jornalista, que também declarou que tinha recebido muitas mensagens de apoio. "Todos os dias, recebo emails de mulheres que me dizem: fui estuprada e não acreditaram em mim. Imagine se fosse com Strauss-Kahn", acrescentou.