Renato já tem 37 anos, mas segue sendo fundamental na equipe treinada por Dorival Júnior – ele é o maior passador na equipe que mais toca a bola no Brasileirão. Tem tanta classe que os próprios colegas de time costumam dizer que ele "joga de terno".
Em campo, Renato, um dos líderes do elenco, tem mostrado posicionamento diferente daquele que sempre apresentou – não é mais um "segundo volante", e sim o jogador que recua e se posiciona entre os dois zagueiros para começar a armar o time lá da defesa.
A ideia é que, para que o Peixe consiga chegar ao ataque com eficiência, como mostrou nos últimos jogos, a bola passe pelos pés do Renato.
O fôlego dele parece interminável. Depois de fazer história em sua primeira passagem, ainda garoto entre 2000 e 2004, o volante voltou à Baixada em maio de 2014. A primeira temporada ficou marcada por lesões. No ano seguinte, porém, voltou a ser aquele jogador que havia deixado saudade na torcida alvinegra. Desde então, a experiência vem sendo aliada para liderar mais uma geração de Meninos da Vila.
Na terceira colocação, após boa vitória por 3 a 0 sobre o São Paulo no último domingo, o Santos comandado por Dorival Júnior chama atenção pelo futebol apresentado. Velocidade no ataque, intensidade na marcação e bola no chão para envolver o adversário. Não é por acaso que a equipe lidera o ranking de passes certos do Campeonato Brasileiro: são 3607 contra 3501 do segundo colocado, o Corinthians.
O elegante Renato é o destaque da equipe. A média do volante (42,18) na competição só é mais baixa do que a de Cristian (42,8), do Corinthians, que atuou em apenas cinco jogos, e Willian Arão (42,55), do Flamengo, que assim como o santista esteve presente em todas as onze partidas da competição nacional.
Os números mostram uma das principais características do time treinado por Dorival Júnior. Para chegar com velocidade ao ataque e surpreender o adversário, o Peixe se preocupa com a organização já no início de suas jogadas. O segundo melhor passador da equipe é Thiago Maia, que joga ao lado de Renato no meio-campo. Aí a bola chega mais redonda a Lucas Lima, responsável pela distribuição.
Renato e Thiago Maia, aliás, são fundamentais para que o Santos consiga manter a posse de bola na maior parte do jogo. Na vitória sobre o São Paulo, por exemplo, 60% do tempo com ela no pé. Outro número merece destaque no clássico. Com o bom trabalho de recuperação, principalmente da dupla de volantes, foram 30 desarmes contra apenas seis do São Paulo em 90 minutos.
O bom desempenho é fruto da filosofia implantada por Dorival Júnior desde o começo do ano. Caracterizado pela velocidade e contra-ataque em 2015, o Santos buscou evoluir nesta temporada, priorizando a posse de bola e evitando ao máximo os lançamentos longos. Em março, o técnico já projetava a melhora que é vista atualmente.
– Melhoramos muito a posse de bola, mas não perdemos velocidade de contra-ataque, que é superior se compararmos com grandes equipes do futebol mundial. Jogadores criam desafios entre eles, a baterem algumas metas. Isso é um fato importante. Quando há aceitação do trabalho, as coisas acontecem – explicava em entrevista à Santos TV na ocasião.
A evolução é refletida na tabela. O triunfo deste domingo levou o Santos à melhor posição até o momento na competição. A equipe, que já chegou a flertar com a zona de rebaixamento, ocupando o 15º lugar, mostra que tem futebol para brigar na outra ponta.