Mohammed Abu Khudair em foto sem data. O adolescente de 16 anos foi queimado vivo em Jerusalém.
Israel acusará três judeus extremistas pelo assassinato de um adolescente palestino queimado vivo, indicaram autoridades locais nesta segunda-feira (14), de acordo com a agência France Presse.
Imagem: ReutersClique para ampliarMohammed Abu Khudair em foto sem data. O adolescente de 16 anos foi queimado vivo em Jerusalém. Segundo um comunicado divulgado ao tribunal de magistrados de Petah Tikvah, perto de Tel Aviv, um homem de 29 anos e dois menores de 17 serão acusados por assassinato, sequestro com intenção de assassinato e tentativa de assassinato, motivados por posições racistas e nacionalistas, disse a polícia.
O jovem palestino Mohammed Abu Khder, de 16 anos, foi sequestrado no leste de Jerusalém no dia 2 de julho e queimado até a morte por extremistas judeus em uma suposta vingança pelo sequestro e assassinato de três judeus.
De acordo com a France Presse, surgiram informações de que, o que parece, o alvo inicial era um menino de oito anos.
Segundo divulgou a Reuters, autoridades israelenses disseram que os três suspeitos presos confessaram ter sequestrado e ateado fogo ao jovem, por ingança pelo assassinato de três seminaristas judeus na Cisjordânia ocupada no mês passado.
O suspeito adulto enfrenta as acusações mais graves e deve alegar como atenuante ter sofrido de distúrbios mentais no passado.
De acordo com a agência de segurança Shin Bet, de Israel, na madrugada de 2 de julho, enquanto os muçulmanos marcavam o fim do Ramadã, os três suspeitos "patrulharam os bairros árabes de Jerusalém por horas, em uma tentativa de encontrar uma vítima para o sequestro, até que avistaram Mohammed Abu Khudair".
Forçando-o a entrar no carro, eles dirigiram até uma floresta fora da cidade onde o suspeito de 29 anos bateu na cabeça da vítima com uma barra de ferro e ajudou os dois jovens de 17 anos a encharcá-lo com combustível e atear fogo em seu corpo, segundo o Shin Bet.
Escalada de violência
A mais recente escalada de tensão e violência entre israelenses e palestinos - que já deixou 172 palestinos mortos e 3 israelenses gravemente feridos- começou com o desaparecimento de três adolescentes israelenses no dia 12 de junho na Cisjordânia. Eles foram sequestrados quando pediam carona perto de Gush Etzion, um bloco de colônias situado entre as cidades palestinas de Belém e Hebron (sul da Cisjordânia) para ir a Jerusalém.
O governo israelense acusou o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, do sequestro. O Hamas não confirmou nem negou envolvimento. Israel deslocou um grande contingente militar para a área da Cisjordânia, principalmente na cidade de Hebron e arredores. Dezenas de membros do Hamas foram detidos, e foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra Israel.
Os corpos dos três jovens foram encontrados em 30 de junho, com marcas de tiros. Analistas sustentam que eles foram assassinados na noite de seu desaparecimento.
A localização dos corpos aumentou a tensão, com Israel respondendo aos disparos feitos por Gaza. No dia seguinte, 1º de julho, um adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém Oriental. A autópsia indicou posteriormente que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e três dos detidos confessaram o crime. Isso reforçou as suspeitas de que a morte teve motivação política e gerou uma onda de revolta e protestos em Gaza.
No dia 8 de julho, após um intenso bombardeio com foguetes contra o sul de Israel por parte de ativistas palestinos, a aviação israelense iniciou dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. A operação, chamada "cerca de proteção", tem como objetivo atacar o Hamas e reduzir o número de foguetes lançados contra Israel, segundo um porta-voz israelense.
Os militantes de Gaza responderam aos ataques, disparando foguetes contra Tel Aviv. Por enquanto, só houve registro de mortes entre os palestinos – o sistema antimísseis israelense interceptou boa parte dos disparos lançados contra seu território. Os combates são os mais sérios entre Israel e os militantes de Gaza desde a ofensiva de seis dias em 2012.