Show saudosista no Palco Mundo teve base em turnê do fim dos anos 80. Bruce Dickinson reclamou de cerveja brasileira para mostrar marca do Iron.
O Iron Maiden fechou na madrugada desta segunda-feira (23) o último dia de shows do Rock in Rio 2013. O show foi feito só com músicas lançadas há mais de 20 anos. O espetáculo foi baseado na turnê de "The seventh son of a seventh son", disco de 1988. O show começou à 0h12 de segunda-feira (23) e durou quase duas horas.
Explosões de fumaça, fogos de artifício e labaredas saindo do crânio de um monstro apareceram no show. Menos que assustar, o visual e o som dos anos 80 reforçam a tese de que boa parte do heavy metal parou no tempo - e os fãs estão satisfeitos e vibrantes com isso.
Apostar em algumas faixas menos previsíveis como "Moonchild" e "The prisioner", fez diminuir um pouco da energia potencial, mas serviu ao efeito de viagem no tempo.
As únicas faixas que não são da década de 80 são "Fear of the dark" e "Afraid to shoot strangers", ambas de 1992.
Crítica à cerveja brasileira
Com roteiro e animação previsíveis, a curiosa surpresa veio em um comentário do vocalista Bruce Dickinson no final. "A cerveja daqui é uma m..., eu tive que trazer a minha", disse Bruce antes de tomar goles e arrotar com a cerveja lançada com a marca da banda recentemente.
De resto, até os efeitos no palco são oitentistas. Vide a explosão de fumaça na entrada, em "Moonchild", de faíscas em "Can I play with madness", e as labaredas em "The number the beast". O som sem pressão no início prejudicou um pouco, assim como no show do Bon Jovi duas noites atrás.
Uns pontinhos a mais nas caixas do Palco Mundo poderiam ajudar o show sem prejudicar os ouvidos dos fãs. A reportagem fica devendo uma avaliação do desempenho de Bruce no agudo refrão de "Run to the hills", já que o público cantou muito mais alto do que se podia ouvir do cantor.
Fiéis ao Iron
Nada disso importa para os fiéis ao Iron. Para eles, a banda faz até chover, como nas ameaçadoras gotas do que parecia ser o início do temporal previsto para este fim de semana, que caíram em "The number of the beast". As gotas, misteriosamente, duraram quase só o tempo da música que fala sobre a marca do diabo. Só no final do show a chuva voltou a incomodar, como se estivesse esperando acabar.
Empolgado, bem humorado e com a voz em ordem, Bruce chegou a fazer as vezes humorista. Brincou com sua própria sombra e com o controlador do canhão de luz em "Fear of the dark", antes do esperado maior coro da noite . Também brincou com o chapéu de piloto que usou em "Aces high", tocada após vídeo no telão de discurso de Churchill na Segunda Guerra.
O famoso monstro Eddie surgiu, enorme ao fundo do palco, na música-título do disco da turnê original. Outra versão do morto-vivo, mais ameaçadora, apareceu soltando fogo do crânio em "Iron Maiden".
Nem na interação com os fãs houve muita inovação. O cantor repetiu em várias intervenções "scream for me Brasil" e "scream for me Rio". Caipirinha, cachaça e samba também foram clichês citados.
Autoridades do metal
Ao abandonar as frases feitas, Bruce lembrou do show no primeiro Rock in Rio. "Cortei a cabeça e o empresário perguntou se eu não podia fazer sangrar um pouco mais, pois a imagem estava ótima na TV", contou. Eles tocaram em 1985, na primeira edição, e em 2001.
Em vez da bandeira do Brasil, atração mais comum do Palco Mundo, Bruce balança a bandeira da Grã-Bretanha em "The trooper". Não houve nenhum sinal de vaia, como quando Britney mostrou a bandeira dos EUA no mesmo palco em 2001. Autoridade do metal tem imunidade neste julgamento. E ainda ganha um "olê olê olê Maiden, Maiden" para comemorar.