A interdição - ética e parcial - da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) em Teresina pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) foi o assunto bastante discutido por parlamentares, nesta quarta-feira (21), na Assembleia Legislativa, durante o tempo de dois minutos, destinados aos pequenos avisos. O primeiro a se pronunciar sobre a interdição foi o deputado Gustavo Neiva (PSB), que demonstrou indignação como descaso com a saúde no Piauí, que foi destaque no cenário nacional pelo fechamento da MDER. Neiva disse que só este ano, 250 recém-nascidos morreram na maternidade.
O parlamentar disse que essa situação é inaceitável e o que se escuta e ver, por parte do Governo do Estado, são desculpas "esfarrapadas" e maneira a tentar enganar a população.
“A Maternidade, que era para ser de alegria e de vida, tornou-se um local assombroso e de terror. Está faltando alimentação parenteral para os bebês nas UTIs, onde há crianças há dois dias somente no soro. Isso é uma vergonha. Esse problema vem se arrastando desde junho. O CRM notificou a maternidade e o secretário da Saúde disse que iria tomar as providências e não o fez”, lamentou.
Gustavo Neiva disse também que o Ministério Público Estadual já está tomando as providências em relação ao fato e que já entrou, juntamente com o Ministério Público Federal, com uma ação civil pública na Justiça Federal para que sejam tomadas as devidas providências. Neiva pediu explicações ao líder do Governo na Casa, deputado Francisco Limma (PT), em relação a vinda do secretário estadual da Saúde, Florentino Neto, para prestar esclarecimentos sobre a situação "calamitosa" da maternidade.
O deputado Rubem Martins (PSB) também se pronunciou sobre o fato de a Maternidade ter siso interditada. Segundo ele, aquela instituição já foi referência no Estado e, sempre atendia aos mais pobres e com prioridade. Ele enfatizou que o que disse anteriormente, o deputado Gustavo Neiva é a mais pura verdade.
“É um descaso com a saúde pública e, principalmente com a mulher. Mas eu vi algo na imprensa, hoje, que me deixou preocupado, Parece que querem transformar a Maternidade em um hospital que só irá atender a uma paciente, se esta vier “regulada”. Imagine uma mulher que esteja para parir e precise esperar uma regulação. Como é que vai funcionar esse negócio, com toda esta burocracia”? indagou e lamentou, amis uma vez a situação da MDER.
O deputado Luciano Nunes (PSDB) também disse que a crise na saúde é o maior problema que assola o Piauí nesse instante. E que não é de hoje, que ele, como parlamentar, denuncia que não só a MDER, mas a saúde pública do Piauí vem sendo tratada com descaso, de modo a chegar ao fundo do poço.
“A Maternidade Dona Evangelina Rosa é uma referência no estado. Um local onde seria para celebrar vidas, estamos lamentando mortes a cada dia. O deputado Gustavo Neiva apresentou, na semana passada, um requerimento, aprovado pela Casa, para a vinda do secretário de Saúde, para explicar que providências estão sendo adotadas. O Piauí todo, está esperando uma resposta do Governo”, cobrou. Luciano Nunes disse ainda que é preciso ser definida com urgência, uma data para a ida do secretário de Saúde à Alepi.
O deputado Dr. Hélio (PR) observou que as dificuldades em relação a MDER existem e que a maternidade está com uma estrutura aquém das necessidades da população do Piauí. Dr. Hélio disse que é preciso que seja organizado o Sistema de Saúde como um todo, inclusive nos municípios, e das maternidades também de Teresina, para as pacientes sejam atendidas nesses demais hospitais.
O líder Francisco Limma disse que irá conversar com o secretário de Saúde, para marcar a data da audiência na Comissão de Saúde. O presidente da Assembleia Legislativa, Themístocles Filho (MDB) também prometeu a Luciano Nunes conversar pessoalmente com o secretário Florentino Neto, para tentar viabilizar sua presença na Alepi, para falar sobre a situação da saúde pública no Estado e, especificamente, a interdição da Maternidade Dona Evangelina Rosa.
Por Lindalva Miranda
Edição: Paulo Pincel