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Instituições culturais do Rio mostram despreparo para receber turistas na Copa

Publicada em 12 de Maio de 2014 �s 07h35


Agenda. No MAM, concorrida mostra de Ron Mueck sai de cartaz na semana anterior à Copa, dando lugar a Miquel Barceló; de forma geral, os museus mantiveram suas programações Agenda. No MAM, concorrida mostra de Ron Mueck sai de cartaz na semana anterior à Copa, dando lugar a Miquel Barceló; de forma geral, os museus mantiveram suas programações Imagem: Divulgação . Entre os dias 12 de junho e 13 de julho, a previsão é que o Rio receba um tipo de turista estrangeiro um pouco diferente do habitual. Serão pessoas mais ricas, com média de idade de 35 anos, que em geral virão sozinhas ou com amigos. Eles chegarão já com informações sobre a cidade, adquiridas por guias e sites de turismo. E seus olhos estarão voltados para as belezas naturais do Rio e, principalmente, é claro, para o futebol. Mas as atividades artísticas não serão ignoradas. A cultura aparece em terceiro lugar entre os interesses do perfil de um turista estrangeiro numa Copa do Mundo, de acordo com uma pesquisa do Ministério do Turismo, feita pela Fundação Getúlio Vargas em 2010, durante a Copa da África do Sul. O estudo mostra que o turista que viaja para o evento é, sim, consumidor de cultura. Mas, no caso do Rio, outro levantamento, este feito pelo GLOBO entre os meses de março e abril, indica que os equipamentos culturais da cidade não se prepararam para oferecer serviços aos estrangeiros — do bilinguismo à programação. Entre 15 dos mais importantes estabelecimentos do Rio visitados — casas de shows, teatros e museus —, apenas três têm sites bilíngues e oito têm atendentes que falam inglês. A um mês do início da Copa, nenhuma das instituições divulgou eventos formatados especialmente para o período. Elas seguem com uma agenda de espetáculos ou exposições que poderia ter sido programada para um mês de junho qualquer. Museu de Arte Moderna, Museu de Arte do Rio, Casa Daros e Museu Nacional de Belas Artes não fazem venda on-line de ingressos para exposições, uma facilidade comum em instituições mundo afora (o Centro Cultural Banco do Brasil, entre as casas avaliadas, não cobra entrada para as mostras de artes visuais). Nenhum dos cinco teatros (Imperator, Net Rio, Oi Casagrande, Cidade das Artes e Municipal) tem sites bilíngues ou atendentes que saibam se comunicar em inglês. Entre as casas de shows (Circo Voador, Fundição Progresso, Vivo Rio, Miranda e Citibank Hall), o turista que quiser se programar já para sua temporada na cidade terá um cardápio restrito: duas delas, por exemplo, não antecipam em seus sites sequer a programação a partir de 12 de junho. Imagem: O GloboClique para ampliarAgenda. No MAM, concorrida mostra de Ron Mueck sai de cartaz na semana anterior à Copa, dando lugar a Miquel Barceló; de forma geral, os museus mantiveram suas programações, sem pr Antecedência em Londres Num documento chamado “Proposta estratégica de organização turística — Copa do Mundo 2014”, preparado ainda na gestão Lula, o próprio Ministério do Turismo apontava a necessidade de planejamento na área: “Os atrativos culturais possuem bastante singularidade e apelo turístico, mas precisam de adequação para visitas de estrangeiros e trabalho de marketing para utilização dos próprios moradores da cidade. A utilização de audioguides em museus, por exemplo, ainda é incipiente e pode ser convertida em instrumento para as variadas nacionalidades”. Ouvida pela reportagem, boa parte das instituições promete se adequar até o início do evento. — Sinalização e atendimento bilíngues são dois pontos cruciais nessa preparação para receber o turista estrangeiro — diz André Coelho, especialista em turismo da FGV Projetos, que atuou no estudo realizado na África do Sul. A Copa de 2010 atraiu 300 mil pessoas. Estima-se que o Brasil receberá o dobro: 600 mil estrangeiros durante a Copa, 10% do número de turistas que o país recebeu no ano de 2013, quando 6 milhões desembarcaram por aqui. Para Coelho, o visitante que vem para a Copa é um “ótimo cliente para a cultura”. Por outro lado, tem pouco tempo para ir a espetáculos artísticos — na África do Sul, um estrangeiro passou, em média, dez noites no país, mas tinha três dias para fazer o chamado “turismo adicional”, não ligado aos eventos esportivos. Lá, o tempo que não foi preenchido pelo futebol foi usado para visitar parques nacionais. Já em outro evento esportivo de porte, os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, os equipamentos culturais foram preparados com antecedência para receber os turistas. Segundo o professor de teatro e produtor inglês Paul Heritage, três anos antes os promotores culturais londrinos já debatiam o que poderia ser feito para aumentar a frequência de turistas a museus, teatros e afins. Heritage esteve por trás da organização do Rio Occupation London, programa desenvolvido pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio que levou artistas brasileiros para apresentações na Inglaterra durante os Jogos, e que deve ser replicado nas Olimpíadas do Rio, em 2016. — Londres fez um festival cultural de 12 semanas por causa dos Jogos. Houve um comitê organizador apenas para a cultura, os eventos eram planejados em função dos horários dos jogos — diz Heritage. — Mas as Olimpíadas têm um objetivo de transformação, diferente de uma Copa. Vejo mais a Copa como uma iniciativa privada, não uma construção coletiva. Talvez por isso não haja uma programação para os equipamentos do Rio.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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