Moais na Ilha de Páscoa: turismo é a principal causa de problemas ambientais na região
Moais na Ilha de Páscoa: turismo é a principal causa de problemas ambientais na região Um dos cartões postais do Chile, a distante Ilha de Páscoa é inevitavelmente lembrada por suas estátuas moais, a população de maioria indígena e a distância nada pequena do continente: mais de 3,5 mil km. Mas os turistas atraídos à ilha por essa série de atrativos, se trazem recursos, também são os principais responsáveis pela série de problemas que a ilha de 6 mil habitantes encara, do lixo à imigração. Com menos de 25 km de uma ponta à outra, a ilha no Pacífico produz 20 toneladas de lixo por dia e não tem condições de armazenamento, processamento e reciclagem. O aterro sanitário tão prometido pelas autoridades não saiu do papel e o lixo tem de ser comprimido. Geralmente é preciso pagar para enviar matéria-prima descartada para outros lugares, tamanha a distância do local. saiba mais Turismo mundial continuou crescendo em 2011, mas será mais lento em 2012 Leia mais sobre Turismo mundial — Não podemos queimar o lixo e não temos mais espaço. Atrai ratos, mosquitos e cães de rua — disse à BBC Pedro Edmunds, prefeito da ilha, que lembra todo o lixo que é exportado ainda deve ser dedetizado por conta dos altos índices de dengue que têm assolado a ilha. Desde 2010, Edmunds esteve à frente de uma série de medidas que minaram a confiança em sua capacidade de governar da província da Ilha de Páscoa. Segundo o jornal “El Mercurio”, o projeto de reformas que ele liderou na casa de US$ 145 milhões não foi suficiente para melhorar os problemas de infraestrutura. O estrago dos terremotos no continente no início daquele ano dificultou a liberação de verbas. Entre os planos, estavam a reforma do aeroporto da capital Hanga Roa, a conservação dos moais e das estradas e vias e novos estatutos e regulamentos para controlar a imigração e aumentar a independência da ilha. Seu plano de desenvolvimento foi diretamente minado por um problema: o fisco chileno tirou propriedades que haviam sido concedidas a imigrantes no final da década de 1910. Os protestos da população, que invadiu os prédios das autoridades, fizeram com que Edmunds renunciasse. Um novo projeto acabou sendo coordenado pela região de Valparaíso, que controla a província da Ilha de Páscoa, e se focou nas áreas de saúde e meio ambiente. Processamento de lixo, novo hospital, melhora dos sistemas de distribuição de água potável e esgoto. Até agora, o novo hospital de Hanga Roa, fundado em 2012, funciona com dificuldades, porque os médicos têm optado por trabalhar no setor privado em outras regiões. Moradores reclamam que levam meses para conseguir consultas. Bom para a economia, ruim para a conservação Nas últimas décadas, o aumento do turismo traz um dilema para a Ilha de Páscoa: ao mesmo tempo em que movimenta a economia da região, prejudica o meio ambiente do local, que tem sofrido com a má conservação das vias e a grande produção de lixo dos hoteis. Os rapa nui, a população nativa da ilha, integram a Comissão de Desenvolvimento da Ilha de Páscoa (Codeipa), rejeitaram a proposta de voos diretos do Peru para a ilha, mas foram voto vencido. O aumento dos estabelecimentos comerciais para atender um fluxo cada vez maior de cliente tem sido um problema. A clientela aumenta, e, com ela, o lixo e a degradação ambiental, uma vez que o plano de conservação é insuficiente para atender a demanda. Além disso, a origem vulcânica da ilha faz com que sua terra seja muito porosa e as substâncias tóxicas do lixo se infiltrem mais. Para alimentar os turistas e também a população do continente, a pesca é realizada em excesso e começam a faltar atum e lagosta na região, que está tendo de importar pescado. Uma solução apontada é a diminuição radical do fluxo de turistas. É por esta causa que advogam os nativos, que também pedem ao governo chileno maior restrição na imigração. Em um editorial, o “El Mercurio” sugere que seja cobrada uma taxa acima de US$ 100 por turista, para que se diminua a demanda e os serviços de preservação sejam financiados sem a dependência do governo chileno.