Publicada em 20 de Março de 2016 �s 12h17
Cento e quarenta e quatro pessoas atendidas e dez casos confirmados. Esse foi o resultado do Mutirão de Diagnóstico da Hanseníase realizado no sábado (19), na Clínica Dermatológica do Hospital Getúlio Vargas (HGV), um dos dois centros de referência no Estado. O atendimento aconteceu das 8h às 15h.
“Todos os casos diagnosticados foram da forma multibacilar. Sendo oito em adultos e dois em menores de 15 anos”, informa o coordenador do Serviço de Dermatologia do HGV, Jesuíto Montoril.
A estudante L.F.C, 20 anos, foi uma das pessoas diagnosticadas com a doença. Ela conta que há cerca de um ano apareceram manchas em um dos braços. Então começou a tomar medicamentos pensando ser pano branco (pitiríase versicolor), mas não houve melhora. Quando soube do mutirão, resolveu participar, pois desconfiava que algo estava errado. Após passar pelos exames clínicos, o diagnóstico foi confirmado. “O que antes era dúvida, virou uma certeza. Já sei o que tenho, agora irei começar o tratamento e ficar boa logo", disse.
Segundo Jesuíto Montoril, mais da metade dos municípios piauienses operam com uma taxa de prevalência da doença acima de cinco casos por 10 mil habitantes. Ele esclarece que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma taxa menor que um caso para esse número de pessoas, mas que por causa da falta de informação sobre a doença, o preconceito ainda é alto. "As pessoas ficam com vergonha de procurar os serviços de saúde para fazer o exame, o que dificulta o diagnóstico”, enfatiza.
Ainda de acordo com ele, o estigma é alto porque durante muito tempo as pessoas que contraiam a doença eram isoladas e muitas ficavam em “leprosários” por causa do contágio. “Atualmente, com o avanço da medicina, o paciente ao tomar o primeiro comprimido já reduz em 90% os bacilos que transmitem a doença. Todo o tratamento é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, conclui o médico.
O coordenador do Mutirão e do Programa de Controle da Hanseníase da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Kelsen Eulálio, diz que Teresina registrou, em 2015, 330 casos da doença, sendo 19 deles diagnosticados em crianças. “O número é bem inferior aos índices registrados há dez anos, quando se verificava entre 800 e 600 ocorrências”, pontua.
Além do dermatologista Jesuíto Montoril, prestaram atendimento as dermatologistas Sheila Castelo Branco e Tamara Stelvia, além dos infectologistas Kelsen Eulálio e Amparo Salmito. Também houve a participação de enfermeiros e técnicos de enfermagem.
A ação foi uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde, Fundação Municipal de Saúde (FMS) e Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).