O site do Banco do Brasil foi alvo de um ataque cibernético na manhã de ontem. Promovida por hackers que se dizem integrantes do Anonymous, a ação não foi isolada e faz parte de uma onda de ataques a sites de bancos que ocorre desde segunda-feira e já afetou os portais do Itaú e Bradesco. As operações estão sendo intituladas de #OpWeeksPayment - por esta ser a semana em que os salários são pagos.
Os bancos não confirmaram os ataques e dizem apenas terem notado um excesso no volume de acessos. Os próximos alvos seriam o Santander e a Caixa.
Em entrevista ao Estado, um hacker que se identifica como Bile Day afirmou que o objetivo dos ataques não é roubar dinheiro dos correntistas. Não somos crackers (hackers que comentem crimes), não usamos nosso conhecimento para roubar dinheiro. Em nossos ataques deixamos apenas o site inacessível.
Segundo ele, a ação tem o objetivo de afetar a população, pois os ataques aos sites de governos não estavam surtindo muito efeito. Páginas vinculadas ao governo do Distrito Federal (df.gov.br), governo paulista (saopaulo.sp.gov.br) e Tribunal de Justiça de São Paulo (tj.sp.gov.br) também foram derrubadas na semana passada. A ideia é chamar a atenção para a causa do Anonymous. Nós nos posicionamos contra corrupção, desigualdade, etc..., disse por e-mail o hacker.
Quando questionado sobre o porquê de afetar a população, o hacker diz que o grupo só seria conhecido se realizasse ataques a sites que tenham impacto direto na vida das pessoas. A população é muito acomodada. Então, decidimos tomar medidas mais extremas para isso.
Segurança. Não é de hoje que sites são derrubados dessa forma. Isso ocorre desde o início dos anos 1990, , lembra o professor da Escola Politécnica da USP Marcelo Zuffo. Em geral, usa-se o método da distribuição de ataque por negação do serviço (DDoS, na sigla em inglês) para tirar o site do ar. Assim, bombardeia-se uma página com milhões de acesso simultâneos, até que ela fique lenta e inacessível. Isso pode ser feito por meio de inúmeros computadores infectados, que poderiam ser programados para acessar um site ao mesmo tempo, ou pela infiltração em grandes servidores.
A novidade é que, desta vez, o movimento tem uma conotação de ativismo que não havia no passado, diz Zuffo. Os ataques ao governo paulista e ao Tribunal de Justiça, por exemplo, eram, para os hackers, uma resposta à ação da polícia na comunidade Pinheirinho, no interior de São Paulo. O problema, diz Zuffo, está nos prejuízos que tais ataques trazem para a sociedade. Como se tratam de garotos, muitos são inconsequentes. Para muitos deles, brigar pela causa é o mais importante.
LUIZ GUILHERME GERBELLI , NAYARA FRAGA / ESTADÃO.COM.BR - O Estado de S.Paulo
Fonte: www.estadao.com.br