Aline Raquel, coordenadora do grupo Flores
Um grupo de cerca de 30 pessoas compareceu ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), por volta das 16h desta terça-feira (2), para prestar homenagens às vitimas do estupro coletivo que ocorreu em Castelo do Piauí. Formado em sua maioria por mulheres, o grupo espalhou flores em volta do maior pronto socorro do estado, onde estão internadas três das quatro garotas violentadas. Familiares das meninas receberam os visitantes e agradeceram pela atenção.
A mãe da garota que está internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HUT, ficou emocionada com a ação, agradeceu o apoio e falou sobre o estado de saúde da filha. “O caso dela é muito delicado, a recuperação é muito lenta, mas ela tem respondido aos estímulos. Uma coisa absurda (o crime), ninguém merece passar por isso. Queremos justiça, a gente quer que os acusados paguem pelo o que fizeram”, afirmou.
A coordenadora do grupo Flores para Elas, que mobilizou a coleta e entrega das flores, Aline Raquel, afirmou que sensibilizadas com o crime bárbaro, várias pessoas se uniram por meio da internet para dar auxílio às vitimas. “Devido ao caso que chocou a todos nós brasileiros, decidimos criar essa campanha, que é uma forma simples de ajudar as meninas e suas famílias, que tanto precisam de apoio”, disse.
A ação solidária arrebatou pessoas como a enfermeira Lívia Soares, 30 anos, que foi uma das primeiras a entrar em contato com as quatro meninas que foram brutalmente amarradas, espancadas e estupradas. Natural de Castelo do Piauí, a profissional dirigiu 190 km para prestar solidariedade.
“Esse foi um dos casos em que percebemos o quanto o ser humano pode ser brutal. Por conta de tudo, decidi trazer flores para as vítimas que estão aqui no HUT e depois vou para o Hospital São Marcos, onde está internada uma das meninas”, contou.
Voluntários no Hemopi
O estado de saúde de uma das quatro adolescentes ficou complicado após uma cirurgia de reconstrução e precisou de plaquetas. A direção do HUT chegou a fazer um apelo para atrair doadores e foi prontamente atentida, já que cerca de 300 voluntários foram ao Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) na tarde de segunda. A mobilização teve bons resultados e, além da garota, outros pacientes da capital e interior foram beneficiados.
“Ao todo conseguimos 209 doações, entretanto, o número de pessoas que estiveram no Hemopi foi acima da média. Acreditamos que mais de 300 estiveram no local, enquanto, a média em dias normais é de 150 doações. Com isso, mandamos bolsas para a jovem e para outros hospitais da capital e interior”, disse a coordenadora da captação de doadores, Beatriz Sousa.
Entenda o caso
Quatro adolescentes foram brutalmente amarradas, violentadas, estupradas e depois jogadas de um penhasco com cerca de 10 metros de altura. O crime bárbaro aconteceu na quarta-feira (27) na cidade de Castelo do Piauí, a 190 Km de Teresina.
De acordo com as polícias civil e militar, as garotas teriam saído para tirar fotos para um trabalho escolar em um ponto turístico da cidade, quando foram rendidas por cinco suspeitos. Logo após o crime, a polícia apreendeu quatro menores, sendo que dois deles confessaram o crime e contaram, em depoimento, que usavam drogas quando abordaram as garotas e sobre os detalhes da ação criminosa.
Os menores responderão pelo ato infracional correspondente ao crime de tentativa de homicídio e nenhum ainda constituiu um advogado de defesa.
O quinto suspeito foi preso pela Polícia Militar por volta das 18h da sexta-feira (29) quando tentava entrar na cidade de Campo Maior, a 90 km de Teresina. Todos foram transferidos para Teresina.