O recém-criado Pros (Partido Republicano da Ordem Social) será o destino do grupo político egresso do PSB liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes.
Governador do Ceará, Cid fez o anúncio na noite desta terça-feira (1º), após reunião do grupo em Fortaleza. A filiação deverá ocorrer nesta quarta-feira (2), também na capital cearense.
A escolha final estava entre PDT e Pros. Segundo Cid, pesou na decisão o fato de a sigla ser nova e possibilitar ao grupo ter o comando de diretórios municipais no interior do Estado, com chances maiores de projeção nacional para lideranças locais.
"Os principais argumentos são que, por se tratar de um partido novo, há menos possibilidades de conflitos no interior. Entendeu-se também que as lideranças cearenses, também por se tratar de um partido novo, terão maiores possibilidade de participação nacional", afirmou.
Com o grupo de Cid e Ciro a tiracolo, o Pros já nasce como um dos maiores partidos do Estado. Além do governador, entram na sigla cinco deputados federais (quatro oriundos do PSB e um do PR), nove deputados estaduais e 38 prefeitos, entre eles o de Fortaleza, Roberto Claudio. Outros 12 prefeitos de fora do PSB podem confirmar filiação até o final de semana.
O Pros no Ceará vai ficar sob o comando de uma comissão provisória, presidida pelo chefe de gabinete de Cid, Danilo Serpa, até que se formem os diretórios municipais e o estadual.
Questionado se assumiria o partido no Estado, Cid disse já ter dado sua "cota de contribuição". "Vamos pensar em algum nome novo."
A saída dos Gomes do PSB foi motivada pela provável candidatura de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, à presidência da República em 2014.
No último dia 18, o PSB anunciou oficialmente a entrega dos cargos que possui no governo Dilma Rousseff, num primeiro passo rumo à candidatura própria ao Planalto.
Outra motivação foi a aproximação do PSB a desafetos políticos do governador, como a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT).
O Pros será o quinto partido de Cid e Ciro Gomes, que já passaram por PMDB, PSDB, PPS e PSB. "Agora é 90", afirmou o governador, em referência ao número do Pros.
'PROGRAMA SINTÉTICO'
Cid disse reconhecer que o programa do Pros é "bem sintético", mas afirmou que durante a reunião foi aprovado um documento produzido por representantes de movimentos sociais e que deverá ser incluído na plataforma programática da sigla.
O governador evitou fazer comentários sobre o PSB. "Eu não vou mais falar sobre o PSB. O PSB que cuide da vida dele e eu vou cuidar da minha."
PDT x PROS
Apesar de já haver sinalizações de que o destino escolhido seria o Pros, alguns integrantes do grupo defendiam a ida para o PDT. O prefeito de Fortaleza era um dos advogados da tese de maior "afinidade ideológica" do grupo com o partido.
Mas venceu o argumento de que a entrada do grupo poderia resultar em focos de conflito político em municípios do interior do Estado, região em que Cid tem amplo e estável domínio.
O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Zezinho Albuquerque (ex-PSB), foi o porta-voz da alternativa Pros. Disse que o PDT já é um partido com "lideranças consolidadas", enquanto o Pros nasce "sem dono" e com espaço para que o grupo de Cid tenha protagonismo nacional.
Pesou também o fato de o PDT ainda não ter definido quem apoiará na eleição presidencial de 2014, enquanto o grupo de Cid fechou com a reeleição de Dilma.
Cid disse que o ministro dos Portos, Leônidas Cristino, que integra seu grupo político, se reunirá com Dilma na próxima quinta-feira (3) para entregar o cargo. Afirmou apoiar a presidente "não por apego a cargos".