Greves: o Brasil pode parar durante a Copa?

Publicada em 18 de Abril de 2014 �s 09h21

Operários em greve do lado de fora do Parque Olímpico dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro, no início de abril �magem: Reprodu��o/ReutersClique para ampliarOper�rios em greve do lado de fora do Parque Ol�mpico dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro, no in�cio de abrilDiante de uma s�rie de assembleias e amea�as de paralisa��o, marchas por reajustes e trabalhadores de setores importantes j� de bra�os cruzados, a proximidade do torneio da Fifa e exemplos de eventos em outros pa�ses levantam a quest�o: as greves podem parar o Brasil durante a Copa do Mundo? Para especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o momento atual � prop�cio ao surgimento de mais movimentos de paralisa��o em todo o Pa�s, devido a um “coquetel explosivo” que inclui perdas salariais, cen�rio econ�mico desfavor�vel, o est�mulo da ida �s ruas, a Copa do Mundo dentro de dois meses e a realiza��o de elei��es presidenciais em seis meses. saiba mais Golpe usa a Copa do Mundo para roubar dados de internautas Rede 3G e 4G para a Copa pode sofrer com atrasos e ?buracos? Faltando 60 dias para a Copa, policiais federais prometem parar durante o evento Datafolha: 55% dos brasileiros acham que a Copa vai trazer preju�zo Su�cia vai emprestar ca�as ao Brasil para seguran�a das Olimp�adas Leia mais sobre Copa do Mundo 2014 Mas eles acreditam que acordos com trabalhadores e servidores de segmentos cruciais como transportes e seguran�a devem impedir um travamento total do Pa�s durante o megaevento – cen�rio considerado como um “exagero”. “O Brasil est� em um momento econ�mico delicado, mas permanecemos em um discurso de crescimento e desenvolvimento e estamos sediando grandes eventos internacionais. � natural que os trabalhadores queiram uma parte disso. Estamos em ano eleitoral, h� tens�es inflacion�rias e houve perdas salariais, ent�o � natural que haja toda essa movimenta��o”, acredita Ad�lson Marques Gennari, professor de Ci�ncias Econ�micas da Unesp. “A Copa n�o criou essa conjuntura econ�mica. Acho um exagero dizer que haver� um levante total dos trabalhadores para bloquear a realiza��o da Copa. Agora � claro que � um combust�vel, um ingrediente que potencializou tudo isso”, acrescenta. Reta final Na Olimp�ada de Londres, em 2012, os motoristas de �nibus da capital brit�nica entraram em greve pouco antes da abertura dos Jogos, at� conseguirem um b�nus pelo trabalho extra durante o evento. J� na Copa da �frica do Sul, em 2010, milhares de trabalhadores dos mais variados setores interromperam suas atividades antes e durante o torneio, e muitos fizeram cr�ticas pelos baixos sal�rios e m�s condi��es dos contratos tempor�rios. O pa�s africano n�o “parou”, mas houve tumulto e a necessidade de solu��es emergenciais em mais de uma ocasi�o. No jogo entre It�lia e Paraguai, por exemplo, no dia 10 de junho, na Cidade do Cabo, os “stewards”, vigilantes que deveriam fazer a seguran�a do est�dio, cruzaram os bra�os e protestaram, e mais de mil cadetes policiais em treinamento foram enviados ao local para substitu�-los. No Brasil, o que se v� nesta reta final para a Copa em diferentes pontos do Pa�s � uma onda de greves e discuss�es sobre o uso de diferentes estrat�gias para aumentar a press�o sobre empresas e o governo. H� setores j� paralisados, h� os que fazem amea�as e ainda os que deram in�cio a interrup��es intermitentes, sinalizando que uma falta de acordo incorrer� em paralisa��o indeterminada ap�s o torneio. Em Bras�lia, os metrovi�rios est�o paralisados desde o dia 4; em Salvador, a Pol�cia Militar interrompeu o trabalho na �ltima ter�a-feira; e na semana passada mais de 9 mil trabalhadores sa�ram em marcha no centro de S�o Paulo demandando redu��o da jornada de trabalho, melhorias e reajustes. Oportunismo x demandas As centrais sindicais negam “oportunismo” com a Copa e explicam que diversas categorias t�m suas datas-base (per�odo de vencimento das conven��es coletivas, quando os aumentos anuais s�o negociados) nos pr�ximos meses, o que aumenta a probabilidade de greves. Entre elas est�o trabalhadores dos setores de gastronomia, hotelaria e turismo, constru��o, vigilantes, al�m de v�rios ligados ao transporte (metrovi�rios, rodovi�rios, aerovi�rios, aeronautas, motoristas e cobradores de �nibus, taxistas e motoboys). “A greve n�o � um aproveitamento da situa��o. Trata-se de um instrumento para ser usado em �ltima inst�ncia. Muitos v�m negociando h� algum tempo”, diz Mauro Ramos, da UGT (Uni�o Geral dos Trabalhadores), que re�ne 623 sindicatos e mais de 5 milh�es de trabalhadores em todo o pa�s. Para Alci Ara�jo, presidente da Confedera��o Nacional dos Trabalhadores do Com�rcio e Servi�os da CUT (Central �nica dos Trabalhadores), o objetivo n�o � atingir a Copa. “As mobilza��es podem ocorrer, sim, se os direitos forem desrespeitados. N�o queremos atrapalhar o desenvolvimento do Pa�s, n�o somos baderneiros e n�o estamos movimentando nenhum processo para prejudicar a Copa. Queremos que nossas demandas sejam atendidas, e que o legado inclua melhores condi��es de trabalho para o nosso setor”, diz. Pedro Trengrouse, professor da FGV e consultor da ONU/PNUD para a Copa, diz que “existe realmente um componente de oportunismo, sim, mas que n�o � determinante, porque cada greve e protesto t�m suas peculiaridades e intensidades diferentes”. Setores cruciais Elementos-chave para a Copa, quatro categorias tamb�m se posicionaram nos �ltimos dias. A Pol�cia Federal vai interromper o trabalho por 24 horas no dia 23 de abril e adianta que pode parar 70% de seu efetivo em todo o territ�rio nacional durante o evento; os aerovi�rios e aeronautas estudam paralisa��es nos aeroportos de todo o Pa�s e os vigilantes tiveram reuni�o com a Fifa, em Bras�lia, na ter�a-feira, para exigir melhores condi��es e sal�rios maiores. No Rio, o sindicato dos vigilantes se antecipou e fez reuni�o na segunda-feira. Foram anunciadas “paralisa��es rel�mpago” no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Gale�o), no Aeroporto Santos Dumont e no Maracan� entre os dias 16 e 23 deste m�s. Al�m disso, bancos, shopping centers e postos de sa�de tamb�m poder�o ficar sem seguran�a. O presidente da Federa��o Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal, explica que a categoria deve entrar em greve �s v�speras da Copa, mas que 30% do pessoal seguir� trabalhando, sobretudo os agentes de controle de passaporte nos terminais a�reos internacionais. “Na verdade os aeroportos j� funcionam hoje com efetivo irris�rio. N�o � a inten��o fazer isso (interromper totalmente o servi�o). J� fomos 15 mil e hoje somos apenas 10 mil policiais federais em todo o Pa�s”, explica, acrescentando que os servidores est�o h� sete anos sem aumento salarial. J� o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aerovi�rios, Marcos Jos� Moraes, diz que a perspectiva � de 99% de chances de greve. “J� reduzimos nossa demanda de 12% de reajuste salarial para 8%, mas as empresas s� querem dar a recupera��o do IPC, de 5,6%”, diz. Ele adianta que um aeroporto fica impossibilitado de operar sem os aerovi�rios, respons�veis pelo check-in, bagagens e movimenta��o de aeronaves em solo. Os aeronautas (comiss�rios de bordo, comandantes, copilotos e engenheiros de voo) tamb�m j� se mobilizam. Na quinta-feira, os funcion�rios da Tam se reuniram em quatro cidades (S�o Paulo, Belo Horizonte, Bras�lia e Rio de Janeiro) para estudar demandas e possibilidade de greve. S� na capital paulista mais de mil tripulantes aderiram ao movimento.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:

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