Arte, cultura e transformação. É assim que o grupo de artistas do Arte Urbana de Teresina, formado há dois anos, vem tentando mudar a visão de muitas pessoas sobre o grafite e promovendo ações sociais pela periferia da capital.
Um pouco mais tarde do que em outras capitais, a cultura que nasceu da pichação, também ganhou as ruas teresinenses e conquistou mais adeptos na cidade a partir da década de 1990. De forma ainda tímida, o grafite pode ser visto em tapumes de obras, muros de casas, praças e até mesmo em prédios antigos.
Mesmo com a expressão nas ruas, o vidraceiro e grafiteiro Marcus Batista sentia que a arte urbana não era fortalecida e até mesmo divulgada, porque os próprios artistas não se conheciam. Na tentativa de unir a categoria que atua em Teresina, ele criou o grupo nas redes sociais e de forma inesperada ganhou cerca de cinco mil seguidores.
"A nossa luta para expandir o grafite é diária e a gente viu que pelas redes sociais que poderíamos ter este acesso. Hoje no grupo temos 40 grafiteiros, claro que o número de artistas na cidade é bem maior, mas facilitou bastante a comunicação entre nós e criou a interatividade do público com o artista", comentou Marcus Batista.
Se antigamente os grafiteiros não conheciam o desenho do próprio colega, hoje eles marcam encontros para pintar juntos ou promover ações sociais em comunidades carentes. Mesmo sem incentivo público, o grupo tem mudado a vida de muitos adolescentes e jovens de baixa renda somente com o incentivo à arte.
"Isso é muito bom, um estímulo e reflexo do nosso trabalho, que vem abrindo oportunidade para várias pessoas. Infelizmente o apoio é quase inexistente, os editais que surgem são poucos e não abrangem todos os grafiteiros. No entanto, sabemos que juntos podemos mudar um pouco a nossa realidade e incentivar cada vez mais jovens a sair do mundo da criminalidade e entrar no grafite", declarou o coordenador do grupo.
Integrante do Arte Urbana de Teresina e veterano no grafite, Laércio Sinza virou influência para muitos jovens e como forma de repassar o que sabe ele ministra oficinas de graça nas periferias da capital. Mesmo com as dificuldades para expressar a sua arte, o grafiteiro revela a satisfação em incentivar novos artistas.
"Nós tentamos desmistificar que o grafiteiro é o vândalo, porque o que queremos é o nosso reconhecimento como artista. Apesar de não estarmos em uma galeria de arte tradicional, nossa obra é exposta em um local bem mais aberto, que é a rua. A gente faz arte para a população e não para classe. Vamos colocar o grafite no patamar de Van Gogh", disse.