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Na tentativa de estimular a venda de veículos novos no País, o governo negocia com um grupo de grandes bancos de varejo e de instituições financeiras ligadas a montadoras de automóveis a estruturação de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) no valor de R$ 5 bilhões. O objetivo é alavancar a concessão de crédito para dinamizar um mercado que tem encolhido nos últimos meses. saiba mais Alta do carro novo leva consumidor para o usado Aumentam queixas sobre má qualidade de carro zero e importado no Brasil "Protecionista", governo compra carros importados para transportar Dilma Leia mais sobre Compra de carro
A costura entre governo e setor financeiro prevê, segundo apurou o Estado, o uso do novo fundo na compra de parte da carteira de crédito dos bancos de montadoras pelos bancos de varejo. Isso ajudaria a diversificar as fontes de recursos, reforçaria o capital de giro e reduziria as taxas de juros na captação do dinheiro pelos bancos de montadoras. No fim, a medida facilitaria o financiamento de veículos a juros mais baixos.
Pelo desenho preliminar, haveria a compra de 90% das cotas do novo FIDC pelos bancos de varejo. O restante ficaria com os bancos de montadoras. Isso limitaria as "perdas" dessas instituições financeiras ao teto de 10% de sua participação no fundo.
A criação do fundo ainda depende de um sinal verde do Banco Central para a liberação de parte dos depósitos compulsórios a prazo mantidos de forma obrigatória pelos bancos na conta da autoridade monetária. A medida tem implicações para a política monetária conduzida pelo BC, pois estimula a demanda agregada por meio da ampliação do crédito.
Na crise global financeira de 2008, o governo liberou uma fatia dos depósitos compulsórios para incentivar a compra das carteiras de crédito de bancos de pequeno porte por instituições com maior poder de fogo.
Sob a ótica do investidor, o fundo significaria diversificação de investimentos, retorno elevado e baixo risco.
O desenho desse tipo de FIDC prevê a cessão, pelos bancos, dos direitos sobre os chamados recebíveis, como contratos e financiamentos, vinculados às suas vendas para elevar a captação de dinheiro mais barato no mercado.
O FIDC em estudo teria dois tipos de cotas. A classe sênior e as chamadas cotas subordinadas, uma espécie de garantia ou "colateral" feitos, nesse caso, pelos bancos de montadoras para ter um colchão contra eventuais inadimplências.
A engenharia financeira prevê, ainda, o mecanismo de "first loss", onde haverá um limite para perdas com esse tipo de transação. Assim, os ativos do FIDC ficariam livres de contaminação por eventual inadimplência. Os chamados cotistas seniores do FIDC teriam garantida a rentabilidade negociada na emissão das cotas. "Assim, fixamos um grau máximo de perda, levamos a eventual inadimplência para o fundo e a segregamos do restante da carteira", diz uma fonte graduada do governo.