O governo revisou oficialmente sua previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para uma queda de 2,44%, informou o Ministério do Planejamento por meio do relatório de receitas e despesas do orçamento de 2015 relativo ao quarto bimestre deste ano.
Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990, quando o PIB recuou 4,35%. Até então, a última estimativa divulgada pelo governo era de uma queda de 1,8% no PIB de 2015.
A revisão da previsão do governo acompanha as estimativas do mercado. Na semana passada, segundo informou o Banco Central nesta segunda-feira (14), os analistas das instituições financeiras previam um "encolhimento" de 2,70% para o PIB brasileiro neste ano e de 0,80% de retração em 2016.
O Brasil entrou em recessão técnica em agosto, após registrar queda de 0,7% no PIB do 1º trimestre e retração de 1,9% no 2º trimestre.
Com uma estimativa menor de crescimento da economia brasileira neste ano e também no próximo, o governo já admitiu que arrecadará menos. Este valor, anunciado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento nesta segunda-feira, é de R$ 5,5 bilhões a menos no ano que vem.
Inflação acima de 9% e do teto da meta
Por meio do relatório de receitas e despesas do orçamento, relativo ao quarto bimestre, o governo também admitiu que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deverá ultrapassar a barreira dos 9% neste ano. A previsão, para o IPCA de 2015, subiu de 9% para 9,29%.
Com isso, o governo continua admitindo que o teto do sistema de metas de inflação, de 6,5%, deverá ser superado neste ano. Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
"A previsão para 2015 do crescimento real do PIB foi reduzida de -1,49% para - 2,44%, enquanto o índice de inflação (IPCA) passou de 9,00% para 9,29%, ambas revisões alinhadas com as expectativas de mercado. A estimativa de inflação sugere certa persistência em 2015, refletindo o realinhamento dos preços administrados e a desvalorização cambial", informou o governo no relatório de orçamento.