O Governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi), lançou nota técnica, no último sábado (13), na qual confirma o segundo foco de peste suína clássica (PSC) em território piauiense. A doença, também chamada de febre suína ou cólera dos porcos, foi identificada em outra propriedade no município de Lagoa do Piauí, próximo ao local onde o primeiro foco havia sido encontrado.
O Grupo Especial de Atenção às Enfermidades Emergenciais ou Exóticas (Gease) da Adapi recebeu o laudo positivo no final da sexta-feira (12) e no dia seguinte executou todos os rigorosos procedimentos presentes na legislação federal, a Instrução Normativa Nº 27, de 20 de abril de 2004, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, que consistem desde o abate dos animais à sanitização de veículos, pessoas e objetos que tiveram contato com os porcos. Ao todo, quinze suínos foram sacrificados. Somados aos seis do primeiro foco, totalizam-se 21 animais abatidos no estado até o momento.
O gerente de Defesa Sanitária Animal da Adapi, José Idílio Moura, conta que o encontro do novo foco foi resultado do trabalho contínuo que tem sido feito na região de Lagoa do Piauí somado ao empenho dos órgãos do setor e apoio dos produtores rurais. “Nós intensificamos a vigilância em todo o município. Estamos colhendo material para encaminhar ao laboratório. Nesta propriedade, o material foi colhido durante a semana e então obtivemos a confirmação, exatamente por conta da intensificação da vigilância na região. Se a gente deixasse quieto, não encontraríamos”, ressalta.
Moura pede ainda que a população contacte a Adapi assim que algum sinal clínico seja detectado nos suínos (veja quadro abaixo) a fim de evitar que a doença se propague. “Estamos tendo o feedback, o produtor está nos comunicando das suspeitas e estamos muito eficientes na vigilância. Também estão aqui o Ministério da Agricultura, a Superintendência Federal da Agricultura, a prefeitura que está dando todo o apoio cedendo maquinário, pessoal, e o Batalhão Ambiental da Polícia Militar”, descreve.
Peste Suína no Piauí
Idílio Moura conta que desde a criação da Adapi, em 2005, estes foram os primeiros casos registrado no estado. Entre 1997 e 1998, houve relatos de suspeitas da peste suína clássica no Piauí, mas nada foi confirmado pelo Ministério da Agricultura.
“No estado vizinho, o Ceará, desde outubro, foram identificados 44 focos da doença. Por conta desses focos de lá, intensificamos a vigilância no Piauí e encontramos aqui também. A ação da Adapi está muito eficiente. Com a confirmação do segundo foco na sexta-feira, já no sábado pela manhã, o grupo de emergência se deslocou e realizou o saneamento da propriedade, o sacrifício dos animais, eliminou o foco, desinfectou as pessoas e veículos. A resposta está sendo precoce”, reforça.
Entretanto, o gerente ressalta que não é possível determinar ainda a origem da doença – se veio de outro estado ou é algum vírus que já estava no território –, mas as equipes de especialistas estão em campo para colher informações.
Sintomas e cuidados
A peste suína é transmitida por meio de alimentos ou água contaminados, contato com animais infectados, equipamentos sujos e roupas de indivíduos que mantiveram contato direto com porcos domésticos ou selvagens que estejam doentes ou possuam o vírus incubado. A doença, chega a matar 90% dos animais jovens e nos mais velhos pode manifestar-se discretamente.
Inicialmente, os porcos apresentam depressão e febre alta, regiões avermelhadas, hemorragia e cor azulada geralmente nas extremidades, axilas, abdômen e face interna dos membros de animais brancos. Também é detectada letargia, convulsões ocasionalmente, ranger de dentes e dificuldade de locomoção.
“A sintomatologia é de febre alta e os animais em febre elevada se amontoam, principalmente os leitões com 30-60 dias de vida. Podem também apresentar conjuntivite, diarreia, vômitos e manchas no corpo. Qualquer pessoa da sociedade que observar esses sintomas deve comunicar a Adapi imediatamente pra gente investigar a suspeita”, reforça Idiílio Moura.
Após a comunicação, uma equipe da Adapi se desloca até a propriedade e realiza a investigação epidemiológica, se houve movimentação animal nos últimos 30 dias e a comprovação dos sinais clínicos, é feita a eutanásia do suíno. Amostras são colhidas e enviadas para o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) do Ministério da Agricultura, situado em Pedro Leopoldo (MG). Em caso positivo, a propriedade é interditada (não pode retirar ou levar animais, precisa controlar o fluxo de veículos) e depois sanitizada.
Moura acrescenta que peste suína não é uma zoonose, ou seja não afeta o ser humano, por isso não é preciso pânico. “Pode-se ingerir carne suína normalmente desde que esta tenha passado por um serviço de inspeção oficial”, afirma.
Além disso, o Governo do Estado, como medida de prevenção, proibiu eventos agropecuários com suínos. “A medida se dá para evitar aglomeração e que um animal contaminado possa passar o vírus para outros por contato direto. Feiras com caprinos, bovinos e outros estão permitidos”, finaliza Moura.
Os telefones para contato da Adapi são: (86) 3221-7142 e 3222-4993