O governador Wellington Dias (PT) classificou “como mais um espetáculo” a terceira fase da Operação Topique, deflagrada nesta segunda-feira (27) pela Polícia Federal. Os policiais cumpriram mandados de busca na casa do governador e da primeira-dama, Rejane Dias (PT), deputada federal e ex-secretária estadual de educação. Ela é suspeita de envolvimento em esquema que desviou recursos do transporte escolar. Leia a íntegra da nota ao final da reportagem.
Segundo a nota enviada pela assessoria do governador à imprensa, ele lamentou e repudiou a forma como a operação aconteceu. Ele destacou o fato de os policiais terem cumprido mandados em sua residência, onde mora um de seus filhos, com sua família.
Para ele, a ação foi um "espetáculo", "desproporcional" e "desnecessária". O governador afirmou ainda que ele, assim como toda a sua família, "sempre agiram respeitando as leis e as instituições".
Terceira fase da Operação Topique
De acordo com a PF, entre os anos de 2015 e 2016, servidores da cúpula administrativa da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), na época gerida por Rejane Dias, teriam se associado a empresários do setor de locação de veículos e desviado, no mínimo, R$ 50 milhões de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE).
Segundo a PF, servidores públicos e empresários teriam se associado para superfaturar contratos de transporte escolar.
Nesta terceira etapa da operação, a PF apura um suposto esquema de desvios em contratos que somam R$ 96,5 milhões para a prestação do serviço de transporte escolar, que foram celebrados em 2019 e 2020, após as primeiras fases da investigação. Segundo a PF, mesmo após as primeiras fases da Operação Topique, o governo do estado continuou contratando as empresas suspeitas.
Leia a íntegra da nota do governador:
NOTA OPERAÇÃO
O governador Wellington Dias lamenta e repudia a forma como se deu a operação da Polícia Federal na manhã dessa segunda (27) em sua casa onde, atualmente, mora seu filho e família, que nunca tiveram nenhuma função no estado. Seu filho é médico e trabalha na linha de frente do combate ao coronavírus e desde março o governador mantem distanciamento recomendado pelas organizações para a preservação da saúde. O governador classifica a operação como mais um espetáculo e destaca que a vida toda ele e sua família sempre agiram respeitando as leis e as instituições.
Sobre a Operação Topic, o governador esclarece que as investigações são contra empresas acusadas de fazer cartel e referentes a processos e contratos do ano de 2013, quando ele não era governador do estado. Uma operação nestes moldes se torna desproporcional e desnecessária já que estamos falando de um fato de 2013 e em um processo em que a ex-secretária da Educação, hoje deputada federal, por meio de seu advogado, se prontificou, por duas vezes nos últimos meses, para prestar esclarecimentos, bem como para repassar todo e qualquer documento ou equipamento necessário.
O governador ressalta que o Estado é vítima e o maior interessado na resolução desta questão e irá trabalhar para que tudo seja plenamente esclarecido. Enfatiza-se que, infelizmente, muitos espetáculos ainda poderão acontecer, mas ressalta que existe a lei de abuso de autoridade para que casos como este não aconteçam indiscriminadamente.
Por fim, é necessária prudência para que ninguém seja acusado injustamente e nem seja julgada sem o pleno direito de defesa.