Publicada em 07 de Maio de 2012 �s 10h41
O governador Wilson Martins reuniu-se nesta segunda-feira (7,) com um grupo de 10 bispos piauienses, no Palácio Episcopal da Arquidiocese de Teresina, para tratar sobre ações de enfrentamento à estiagem. Os religiosos entregaram em carta ao governador com propostas de ações a serem implementadas. Até o momento, o Governo do Estado reconheceu decretos de situação de emergência em 102 municípios do Piauí. Estima-se que outros 60 somem prejuízos por conta da estiagem no Estado.
Na carta, os bispos argumentam que o povo do sertão piauiense depara-se com uma prolongada estiagem, que tem causado a falta de água potável, fundamental para a sobrevivência humana, em muitos municípios. "As consequências decorrentes da seca são amplas, entre as quais se pode destacar: desarticulação e desintegração da família; portas se abrem com facilidade para o inescrupuloso tráfico humano e o abominável trabalho escravo; comprometimento dos valores éticos; agravamento da situação econômica, relegando muitas famílias à extrema pobreza", diz o documento.
Os bispos ressaltam a importância de ações de socorro emergencial às famílias prejudicadas pela seca, como envio de cestas básicas e carros-pipa, mas ressaltam a necessidade de medidas em longo prazo, a exemplo da construção de cisternas e açudes. "É hora de o Governo escutar a sociedade organizada e os que são atingidos pelo flagelo das prolongadas estiagens, a fim de se buscar soluções adequadas e duradouras", diz a carta. Para os bispos é preciso atuar nas dimensões emergencial e estrutural. “Vivemos um período muito difícil. É a pior seca talvez em 15 anos. Foi uma reunião muito importante porque pudemos relatar a realidade de cada região e ouvir do governador as ações que estão sendo tomadas emergencialmente para garantir água e comida às famílias flageladas e também estruturantes para garantir a convivência com o Semiárido“, disse Dom Jacinto de Brito Furtado Sobrinho, novo arcebispo de Teresina.
“Nós temos buscado agir com celeridade. Temos 7,5 milhões assegurados para o abastecimento de água no Semiárido. Com o Governo Federal, acordamos o envio do cartão Defesa Civil para a compra de cestas básicas, gás de cozinha, ração animal. Além disso, estamos agilizando toda a parte burocrática para a realização de obras estruturantes, como barragens e adutoras”, afirmou o governador Wilson Martins, que se reúne neta terça-feira (8), em Brasília, com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para tratar sobre essas obras. A ideia é priorizar aquelas que podem ser feitas em até um ano e meio para evitar maiores danos nos próximos anos às famílias que vivem nas regiões historicamente atingidas pela seca.
O documento destaca a necessidade de ações de Governo, em todas as esferas, em relação a: garantia de água de qualidade para o consumo humano; garantia de alimentação adequada para as famílias; geração de trabalho e renda com a implantação de tecnologia adaptada ao clima da região; e educação voltada a aproveitar potencialidades do sertão. Além disso, a CNBB propõe ainda a criação de uma Bolsa Alimentação, no valor de R$ 300,00, durante seis meses, para cada família atingida pela seca, assim como fiscalização da aplicação dos recursos.
A carta é assinada por Dom Alfredo Schaffler, presidente da CNBB - Regional Nordeste IV e bispo de Parnaíba; Dom Juarez Souza da Silva, vice-presidente da CNBB - Regional Nordeste IV e bispo de Oeiras; Dom Plínio José Luz da Silva, secretário da CNBB - Regional Nordeste IV e bispo de Picos; Dom Jacinto de Brito Furtado Sobrinho, arcebispo de Teresina; Dom João Santos Cardoso, bispo de São Raimundo Nonato; Dom Eduardo Zielski, bispo de Campo Maior; Dom Valdemir Ferreira dos Santos, bispo de Floriano; Dom Ramon Carrozas, bispo de Bom Jesus; Dom Augusto Alves da Rocha bispo Emérito de Floriano; Dom Miguel Fenelon Câmara Filho, arcebispo Emérito de Teresina; Dom Celso José Pinto da Silva, arcebispo Emérito de Teresina.