O governador Wellington Dias (PT) assinou nessa quinta-feira (3) o processo de exoneração do policial militar Allisson Wattson e encaminhou ao Tribunal de Justiça do Piauí, que irá decidir se o acusado perderá o posto e patente. O oficial é acusado de matar e esconder o corpo da namorada Camilla Abreu, em outubro de 2017.
No âmbito administrativo, o governador constituiu o Conselho de Justificação, que elaborou os autos com o relatório opinando pela declaração da incapacidade de Allisson Wattson permanecer na Polícia Militar, por considerar o militar culpado das acusações apresentadas.
Os autos foram encaminhados à Procuradoria Geral do Estado (PGE), que retornaram com parecer opinando "pela regularidade do processo e submetendo ao governador a decisão de autorizar ao órgão que encaminhasse ao Tribunal de Justiça, para o fim de declarar o acusado indigno do oficialato ou com ele incompatível, com a consequente perda do posto e patente".
De acordo com a Constituição Federal, apenas o Tribunal de Justiça e tribunais militares permanentes podem declarar a perda de posto e patente de oficiais. Em fevereiro, a Polícia Militar do Piauí decidiu pela expulsão do capitão Alisson Wattson da corporação.
"Há muita pressão da população por uma medida rápida do estado, mas nenhum chefe de executivo pode tomar essa decisão antes do TJ, caso contrário, seria anulada", esclareceu o procurador jurídico Jean Paulo Modesto.
Entenda o caso
A estudante Camilla Abreu desapareceu na madrugada de 26 de outubro de 2017. Segundo a polícia, na noite anterior ela e o namorado se encontraram na faculdade e saíram para um bar com uma amiga. Depois os dois ficaram sozinhos e a jovem não foi mais vista.
Após cinco dias de buscas, o corpo da estudante foi encontrado na saída de Teresina, somente depois que o suspeito confessou o crime e apontou o local onde havia deixado a namorada morta. Dias antes, próximo ao local, o celular da jovem foi encontrado.
O ex-PM alegou, segundo a polícia, que Camilla morreu com um tiro acidental no rosto, mas o laudo do exame cadavérico da estudante apontou o contrário. O inquérito da Polícia Civil indiciou o militar por três crimes: feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Ele foi preso em 31 de outubro e permanece até então.