O médico cubano Juan Ramon chegou ao município de Joca Marques, no Norte do Piauí, em dezembro de 2013. A cidade está entre as 50 com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, tendo a saúde, saneamento básico e a geração de emprego como principais problemas apontados pelos moradores. Na manhã desta sexta-feira (23), ele e mais 29 médicos cubanos deixaram o estado.
“Eu gostava muito de trabalhar aqui”, disse o médico em tom de despedida e lembrou que não foi a primeira vez que trabalhou fora do seu país.
A saída dos médicos ocorreu após Cuba decidir retirar-se do acordo mantido pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) há cinco anos com o Brasil, em reação às críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Aliesqui Cartaier, que também praticava medicina em Joca Marques, rebateu essas críticas, que consistem na revalidação do diploma dos médicos cubanos para atuar no Brasil e contratos individuais com o governo brasileiro que lhe permitiriam receber o salário integral, sem repasses para o governo cubano.
O profissional afirmou que o valor destinado a Cuba era empregado na educação infantil e formação de outros médicos. “Minha educação toda foi gratuita, não tive que pagar. Estudei durante seis anos medicina, depois fiz mais três anos de especialização, tudo de graça”, disse Aliesqui Cartaier.
Com a saída dos médicos cubanos, o número de vagas para médicos aumentou no Piauí. Desde o início do ano, há um déficit de 34 profissionais no estado. O número agora sobe para 64. O secretário de estado da saúde, Florentino Neto, prevê aumento na procura por atendimento nos hospitais regionais.
“Cento e um municípios perdem parte da força de trabalho que tinha na atenção básica. O Ministério da Saúde já lançou o edital e estamos na expectativa de que esses novos médicos possam atender essas localidades porque se não vamos ter muitas áreas descobertas no Piauí", disse
JOCA MARQUES