O apelido de Gigante nunca caiu tão bem para Alessandro da Silva como nesta segunda-feira. Com 1,90m e 126kg, o paulista de 32 anos sobrou para ser o melhor da prova do lançamento do disco da classe F11 da Paralimpíada do Rio de Janeiro. Com uma marca bem acima dos demais concorrentes no Engenhão, com 43,06m, assegurou a medalha de ouro e o novo recorde paralímpico. A medalha de prata ficou com o italiano Oney Tapia, com 40,89m. O espanhol David Casinos Sierra fechou o pódio com 38,58m.
- É inexplicável. Além do ouro, foi recorde paralímpico. Ganha quem erra menos. Errei menos e fui feliz. Tinha uma pressão (por ser líder do ranking mundial). Sabia que os adversários iam vir com tudo. Vim para fazer meu melhor, e a medalha era consequência. Se eu não deixasse o nervosismo me afetar, com certeza iria muito bem. Fui muito mal nos dois primeiros lançamentos, mas como só precisa de um para ganhar, esse um veio (risos) - disse o atleta, que é cego.
Alessandro começou a perder a visão aos 26 anos. Quando descobriu que uma manifestação de toxoplasmose era o motivo, já era tarde - nunca soube se adquiriu a doença ou se é congênita. Ele não podia mais trabalhar na sua profissão de químico, chegou a trabalhar como alinhador de carros antes da perda total da visão, mas não se deixou abater pela cegueira e se descobriu no atletismo, que hoje é seu ganha pão e também de sua família.
Desde jovem, Gigante “vive” em uma academia de Mauá, na Grande São Paulo. Conhece tão bem o local que sabe exatamente onde estão halteres e barras. Só depois de perder a visão ele começou a praticar o atletismo, em 2013. A ascensão foi rápida. O paulista ganhou dois ouros no Parapan de Toronto, no ano passado, e agora conseguiu o título paralímpico.
- O esporte me ajudou na minha vida, com a minha família. É tudo para mim, é onde consigo ter felicidade. Entrei tranquilo na prova e dei um presente para todos. Quando estava no Parapan, no Canadá, trouxe duas medalhas, uma para mim e uma para o meu filho (Mathias), que estava com dois meses. Vamos ver se agora ele vai querer tirar essa de mim - brincou Alessandro.
Outro brasileiro participou da disputa do disco nesta segunda. Marcio Braga Leite obteve 34,71m como melhor marca e ficou na quinta colocação. Alessandro também havia disputado a prova do arremesso de peso na Paralimpíada. A marca de 12,43m, entretanto, o deixou apenas da 10ª colocação entre os finalistas, longe do pódio.