Futebol protocolar, empate por 0 a 0, atuação insípida, inodora e incolor. Observar a França desta quarta-feira, no Maracanã, foi um convite à tentação de não ver nos Bleus a menor condição de ir longe na Copa. Será? Mesmo sem seis titulares do último jogo, a seleção europeia dominou boa parte do jogo, eliminou o Equador do Mundial e garantiu o primeiro lugar do Grupo E. Solidificou sua boa campanha da primeira fase, alicerçada em vitórias expressivas sobre Honduras (3 a 0) e Suíça (5 a 2). Foi a sete pontos e pega a Nigéria nas oitavas de final. O Equador, prejudicado pela expulsão de Antonio Valencia no começo do segundo tempo, é o único sul-americano eliminado da Copa do Mundo - apesar da pressão colocada nos minutos finais. Deixou a segunda colocação com a Suíça, que foi a seis pontos ao bater Honduras por 3 a 0. Ela pega a Argentina nas oitavas de final. saiba mais Com 2 de Messi, Argentina vence a Nigéria e joga oitavas em São Paulo Número de manifestações cai 39% após o início da Copa do Mundo Colômbia pede retificação de TV que associou país à cocaína Presença em massa de argentinos força aumento de segurança em Porto Alegre Fifa confirma investigação do caso da mordida de Luis Suárez Leia mais sobre Copa 2014 Benzema foi um dos raros protagonistas da França em campo. E viveu seu primeiro jogo sem gols no Mundial. Foi bem marcado por Erazo, zagueiro do Flamengo, que chegou a ter o nome gritado no Maracanã – que, por outro lado, chegou a vaiar o desempenho das duas equipes. França, pela metade, é melhor que o Equador A França foi a campo sem seis titulares. Entre eles, boa parte de sua base defensiva: Debuchy, Evra e Varane - que se somaram aos meias Valbuena e Cabaye e ao atacante Giroud. Aconchegada por bom saldo de gols (seis, contra zero do Equador e dois negativos da Suíça), a equipe europeia sabia que só uma hecatombe poderia tirar sua vaga ou mesmo a primeira colocação. Teve conforto, e fez dele tranquilidade para controlar a bola, jogar com calma, fazer o relógio do jogo bater em seu ritmo. Ao fim da primeira metade do jogo, a posse de bola era de 56% para os franceses, mas chegou a ultrapassar 60% no começo do período. A queda justifica-se: conforme passava o tempo, com a vitória parcial da Suíça sobre Honduras, mais e mais as ações ofensivas se faziam necessárias para os sul-americanos. Mas eles demoraram a acordar para a realidade – alheios aos avisos da torcida de que “sí, se puede”. Cederam a partida para a França nos primeiros movimentos e só se tornaram ativos no jogo quando viram a eliminação ganhar forma. Apesar de montar um time misto, a França conseguiu concatenar bem suas jogadas. Sissoko saracoteou pelo meio, geralmente buscando Benzema, bem marcado por Erazo. Chutes de Griezmann e do próprio Sissoko assustaram a meta equatoriana. Benzema também mostrou a cara – quase fez de cabeça, em cruzamento de Sagna, e arriscou em chute de fora da área. Mas a melhor oportunidade francesa foi em cabeceio de Pogba. Dominguez espalmou a escanteio. Erazo fez bom trabalho na marcação de Benzema (Foto: André Durão / Globoesporte) O Equador, embora dominado, não escondeu armas. E a principal foi a velocidade. Duas arrancadas, uma de Enner Valencia e outra de Arroyo, alertaram a França de que havia adversário do outro lado. E um adversário que quase foi para o vestiário com a vitória. Valencia, de cabeça, forçou o goleiro Lloris a salvar os Bleus.
Segundo tempo As vaias que as duas equipes levaram ao fim do primeiro tempo parecem ter beliscado os impulsos dos jogadores. O comecinho da etapa final já foi bem mais movimentada. Em menos de dez minutos, bola na trave para a França (Sagna cruza, Griezmann cabeceia, Domínguez desvia, e bola acerta a trave), cartão vermelho para o outro Valencia do Equador, Antonio (por solada em Digne), e gol claro jogado no ralo pelos sul-americanos, mesmo com um a menos em campo – quando Enner Valencia puxou contra-ataque a acionou Noboa, que perdeu o compasso na corrida, não recebeu a bola no ponto certo e, assim, desperdiçou a oportunidade. A vantagem numérica foi a senha para a França controlar ainda mais a partida. O Equador ficou no velho dilema do cobertor curto: precisar atacar com uma peça a menos e evitar reações ofensivas do rival. Muito difícil. Não por acaso, os franceses ameaçaram com Matuidi, após receber de Benzema. E com Pogba - de cabeça, perdeu gol feito. A parte final do jogo não combinou com o restante dele. As equipes se tornaram mais ofensivas - em grande parte, graças à sanha do Equador, desesperado por um gol. Ibarra quase conseguiu. Lloris fez grande defesa. Benzema, Giroud e Pogba responderam pela França, mas sempre faltou algum detalhe para a bola entrar. E assim foi mantido o 0 a 0, esse bom disfarce para um time que pode incomodar muito favorito nas fases eliminatórias.