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Forças de segurança do Iraque encontraram 53 corpos, vendados e algemados, no sul de Bagdá nesta quarta-feira (9) enquanto líderes xiitas e curdos trocaram acusações sobre uma violenta insurgência islâmica nas províncias sunitas do país. Autoridades afirmam que dezenas de corpos foram encontrados perto da vila de Khamissiya, de maioria xiita, com balas no pescoço e na cabeça, o mais recente assassinato em massa desde que insurgentes sunitas varreram o norte do Iraque.
Segundo o governador da província de Babil - de maioria xiita -, Sadeq Madloul, as vítimas parecem ter sido mortas durante a noite depois de levadas de carro a uma área próxima à estrada principal que liga Bagdá às províncias mais ao sul, cerca de 25 quilômetros a sudeste da cidade de Hilla. A identidade e a filiação sectária dos mortos não ficou imediatamente clara, disse. saiba mais EUA enviam "drones" armados para sobrevoar Bagdá Premier iraquiano descarta formar governo nacional de emergência Jihadistas vão de casa em casa escolhendo esposas Read more: http://oglobo.globo.com/mundo/jihadist Ofensiva jihadista já deixou mais de mil mortos em junho no Iraque John Kerry chega ao Egito para pedir por democracia Leia mais sobre Iraque
Militantes sunitas têm realizado ataques ao redor da borda sul de Bagdá. Em resposta, milícias xiitas tem atuado nos distritos rurais da cidade, sequestrando sunitas que suspeitam ser terroristas, muitos dos quais acabam mortos.
Os ataques mútuos têm aumentado dramaticamente desde que combatentes sunitas tomaram o controle de grandes áreas no norte e oeste do Iraque no mês passado, levando ao governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki seu mais sério desafio desde a retirada das forças norte-americanas do país em 2011.
Assassinatos em massa tornaram-se ocorrências comuns no Iraque pela primeira vez desde os piores dias de limpeza étnica e sectária, em 2006 e 2007.
Os insurgentes sunitas, liderados pelo grupo conhecido como Estado Islâmico - que considera todos os xiitas hereges que precisam arrepender-se ou morrer -, gabavam-se de ter matado centenas de tropas do exército xiita que haviam sido capturadas depois de ocuparem a cidade de Tikrit, em 12 de junho. Eles publicaram na Internet imagens de seus combatentes disparando contra prisioneiros.
Nas semanas seguintes, mais de 100 prisioneiros sunitas morreram em dois assassinatos em massa enquanto estavam sob custódia estatal. O governo liderado por xiitas afirma que eles foram mortos em tiroteios em ataque aos guardas, primeiro em uma cadeia em Baquba, ao norte de Bagdá, e depois em um comboio que transportava prisioneiros de Hilla. Já líderes sunitas afirmam que os prisioneiros foram mortos por seus guardas.
A Anistia Internacional e as Nações Unidas também relataram diversas outras suspeitas de assassinatos em massa de prisioneiros sob custódia do governo.
A luta entre o Estado Islâmico, anteriormente conhecido como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, apoiado por outros grupos sunitas armados, e o exército apoiado por milícias xiitas ameaça dividir o país.
A renovada guerra sectária trouxe a violência a níveis jamais vistos desde os piores meses de combate que se seguiram à invasão pelos Estados Unidos para depor Saddam Hussein em 2003.
Sunitas apoiam a ofensiva do Estado Islâmico por conta da visão generalizada de que têm sido oprimidos pelo governo de Maliki.
Os Estados Unidos e outros países pediram aos políticos iraquianos que promovam um governo mais inclusivo em Bagdá, depois da eleição parlamentar em abril. A nova legislatura, no entanto, tem falhado, até o momento, em chegar a um consenso sobre uma liderança para o país, deixando Maliki no poder como um zelador.
Sunitas e curdos pedem que ele deixe o cargo, mas ele não demonstra sinais de que concorda em se afastar. Os curdos estão mais próximos do que nunca de abandonar o Iraque, com o apelo de Massoud Barzani, líder de sua região autônoma, que na última semana instou seu parlamento a preparar um referendo sobre a independência.
Em um comunicado na noite da terça-feira, Barzani desferiu um ataque fulminante a Maliki, dizendo que seus oito anos no cargo trouxeram desastres para o Iraque e prepararam o terreno para o mais recente conflito.