Cruzeiro foi brasileiro a ir mais longe na Libertadores, mas parou nas quartas de final.
O fim de uma Libertadores para ser esquecida pelo futebol brasileiro se inicia na noite desta quarta-feira, às 21h15 (de Brasília), com o primeiro jogo da improvável decisão entre Nacional-PAR e San Lorenzo-ARG, em território paraguaio. O torneio de 2014, que terá um campeão inédito ao soar do apito do árbitro após os 180 minutos da final, terá como maior marco a fraca campanha nacional, com a quebra de recordes e tabus negativos.
Imagem: AFPClique para ampliarCruzeiro foi brasileiro a ir mais longe na Libertadores, mas parou nas quartas de final. A ameaça do vexame nacional começou já na Pré-Libertadores, quando as duas equipes brasileiras na fase – Botafogo e Atlético-PR – foram derrotadas no duelo de ida e quase sofreram a desilusão do Corinthians em 2011, quando o time paulista foi eliminado na fase embrionária da competição, após derrota para o Tolima por 2 a 0 no jogo de volta. Os dois brasileiros desta edição, entretanto, reverteram o placar – os paranaenses apenas nos pênaltis.
Na fase de grupos da Libertadores de 2014, entretanto, o primeiro recorde negativo do futebol brasileiro já foi decretado: três equipes – Botafogo, Flamengo e Atlético-PR – foram eliminadas antes do mata-mata. O fato foi histórico e inédito: antes, a pior Libertadores nacional havia sido em 2002, quando dois brasileiros – Flamengo e Atlético-PR – ficaram pelo caminho na chave de grupos.
Os recordes negativos, entretanto, não ficaram por aí. Logo nas oitavas de final, dois times nacionais também foram eliminados: o Atlético-MG, campeão vigente do torneio, caiu para o Nacional de Medellín, enquanto o Grêmio sofreu desilusão para o futuro finalista San Lorenzo após decisão nos pênaltis no Rio Grande do Sul. O único remanescente era o Cruzeiro.
A busca do time celeste para impedir um fracasso histórico do Brasil na Libertadores não durou muito tempo. Na fase seguinte, o mesmo San Lorenzo foi o responsável por eliminar o atual campeão brasileiro e decretar a péssima sina nacional em 2014: após 23 anos, o país tupiniquim voltou a ficar sem nenhum representante na fase que antecede a final – a última vez que o fato ocorreu foi em 1991, quando Corinthians e Flamengo representaram o país.
A ausência de times nacionais abriu caminho para novos clubes desbravarem a Libertadores da América. Após a sequência de quatro títulos brasileiros, sendo os dois últimos (Atlético-MG e Corinthians) inéditos, a competição sul-americana chegou à semifinal sem nenhum clube já campeão do torneio. A final, por sua vez, é a mais improvável possível: San Lorenzo e Nacional-PAR foram os times classificados de pior campanha na fase de grupos.
Existe um coincidência entre o início da boa fase do San Lorenzo e a chegada de seu torcedor mais ilustre ao posto máximo do Vaticano. Desde que o pontífice Francisco assumiu o comando da Igreja Católica, a equipe argentina conquistou o campeonato nacional local e chega, agora, à primeira decisão de Libertadores de sua história. Os torcedores, inclusive, se vestem com a roupa do papa para dar apoio positivo à equipe.
Mesmo com o apoio papal, o San Lorenzo tem, também, muita força em campo. No meio-campo, a equipe é comandada por Ignacio Piatti, 29 anos, e o experiente Leandro Romagnoli, ídolo local aos 34 anos. O responsável pela equipe é Edgardo Bauza – na Argentina, há rumores de que o técnico possa assumir a seleção argentina em caso de vitória na Libertadores, apesar da dura concorrência de Gerardo Martino.
Apesar de ser finalista, o time argentino apresentou irregularidade no torneio: não tem sequer uma vitória fora de casa, fazendo valer da força em casa. A estratégia foi bem utilizada na semifinal, quando abriu 5 a 0 no duelo de ida contra o Bolívar, mas pela primeira vez na competição começará uma decisão de mata-mata fora de casa, contra o Nacional.
Antes da edição de 2014 da Libertadores, ninguém apontava o Nacional-PAR como possível finalista. Após a fase de grupos da Libertadores de 2014, também ninguém apostava no Nacional-PAR como possível finalista. A equipe paraguaia terminou a primeira fase como o pior dos segundos colocados, com oito pontos e -2 de saldo.
A campanha do finalista é semelhante ao seu adversário: não venceu nenhum duelo fora de casa. Por tal razão, o time, que não conta com nenhum astro, aposta suas fichas no duelo de ida desta quarta-feira, no Defensores del Chaco, em frente aos seus torcedores.
O Nacional-PAR apresenta uma defesa que se consolidou no mata-mata: após 10 gols em seis jogos na fase de grupos, sofreu apenas três no mesmo número de duelos na fase eliminatória. A equipe é comandada pelo jovem treinador Gustavo Morínigo (37 anos), ex-jogador da seleção paraguaia, e busca fazer história parecida com a do Once Caldas, campeão improvável da Libertadores de 2004, apesar de ser mais conhecida do que os colombianos.