Tony Ramos como Getúlio Vargas
A intimidade de Getúlio Dornelles Vargas (Tony Ramos), presidente que governou o Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, quando se suicidou em 24 de agosto poderá ser vista no filme “Getúlio”, que com direção de João Jardim estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Pressionado por uma crise política sem precedentes, em decorrência das acusações de que teria ordenado o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges), ele avalia os riscos existentes até tomar a decisão de se suicidar.
Imagem: DivulgaçãoTony Ramos como Getúlio Vargas
O longa mostra ainda um novo trecho exclusivo da carta escrita pelo presidente Getúlio Vargas antes de seu suicídio. No documento, ele diz “Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”. “Sei quem foi Getúlio. Nacionalista, homem extremado, um ditador que foi, contraditoriamente, eleito pelas mãos do povo. Que adorava Schopenhauer, mas que ao mesmo tempo era simples. Era um político no palco, mas não no cotidiano”, revela o protagonista Tony Ramos.
Getúlio aborda os últimos 16 dias de vida de Getúlio Vargas, então presidente do Brasil. “Os silêncios que habitam esse homem durante 19 dias. Essa é a história do filme”, comenta o ator, que está completando 50 anos de carreira este ano. “Quando acontece um personagem como Getúlio, de uma maneira absolutamente inesperada, você sente que está num marco divisório”, observa.
A história se passa em agosto de 1954, quando o jornalista de oposição e dono de jornal Carlos Lacerda, sofre um atentado a bala na porta da sua casa em Copacabana. O pistoleiro erra o tiro e mata o Major da Aeronáutica Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda. O presidente da República, Getúlio Vargas, é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo. Getúlio passa a ser pressionado por lideranças militares e pela oposição para renunciar ao mandato.
As investigações mostram que a ordem para o atentado saiu de dentro do Palácio do Catete. O tenente Gregório Fortunato (Thiago Justino), chefe da guarda pessoal do presidente e seu homem de confiança há anos, é acusado. Ao lado da filha, Alzira Vargas (Drica Moraes), seu braço direito na presidência, e colaboradores fiéis como Tancredo Neves (Michel Bercovitch) e o general Zenóbio da Costa (Adriano Garib), Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência.
Diante das ameaças que pedem a deposição imediata do presidente, o presidente comete um ato extremo. O diretor João Jardim escolheu Tony Ramos para o papel pelas semelhanças de personalidade com o personagem. “Getúlio era um cara reservado e carismático, eu procurava alguém assim, e o diferencial do Tony era o talento. Ele faz tudo de forma brilhante”, admite, ressaltando o ineditismo da história que conta em seu filme. “É uma história que completa 60 anos e que nunca tinha sido contada”, conta.
Jardim ainda mostra que o poder não é como todos pensam. “Sempre achamos que quem está no poder manda. Mas não é bem assim, depende de outros”, explica, esperando que, o filme sirva para uma reflexão política.
Com roteiro de George Moura e produção de Carla Camurati, Getúlio tem também em seu elenco Marcelo Médici, Alexandre Nero, Jackson Antunes, Leonardo Medeiros, Daniel Dantas e Clarisse Abujamra.