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Famílias inteiras morrem em Gaza por se refugiarem juntas durante ataques israelenses

Publicada em 01 de Agosto de 2014 �s 11h56


Uma família enterra um parente após um ataque de foguete, na Faixa de Gaza  Uma família enterra um parente após um ataque de foguete, na Faixa de Gaza  Imagem: THE WASHINGTON POSTUma família enterra um parente após um ataque de foguete, na Faixa de Gaza  Os Balatas, como muitas famílias palestinas, não gostam de Israel, mas também querem distancia do Hamas. Com os conflitos se estendendo por mais de três semanas, a vida dos Balatas giravam em torno de como melhor proteger a sua grande família, de várias gerações, em um dos enclaves mais devastados pela guerra em Gaza. Presos entre as ambições de Israel e Hamas, eles estão pagando um preço alto demais. Onze membros da família foram mortos de uma única vez, na terça-feira. Seus corpos estão agora enterrados em duas covas recém abertas, em um cemitério perto de suas casas. Os cadáveres, um homem, oito mulheres, um menino e um bebê, foram envoltos em lençóis brancos, como manda o costume muçulmano. À medida que o conflito avança, deslocando centenas de milhares de pessoas, as Nações Unidas e as autoridades palestinas dizem que algumas famílias têm feito um cálculo macabro: eles se dividem em grupos, e cada um busca refúgios em diferentes partes da Faixa de Gaza. Assim se uma parte da família morre, os outros vão viver para ajudar os sobreviventes e manter sua dinastia. Mas a maioria das famílias, segundo as autoridades, ainda se move juntas como uma fonte de força e conforto. Alguns estão vivendo agora com outros parentes, aumentando ainda mais a sua dimensão familiar, enquanto outros se abrigam em escolas da ONU e outros refúgios. — Infelizmente, muitas famílias perderam porções inteiras de familiares — disse Adnan Abu Hasna, porta-voz da Relief and Works Agency da ONU, que está ajudando cerca de 200 mil palestinos em 85 escolas. — As famílias se reúnem como uma espécie de proteção, principalmente psicológica. É uma coisa cultural. Eles dizem: se morrermos, morreremos juntos como uma família — informa Adnan. REFÚGIO NA CASA DE PARENTES Os Balatas também optaram por ficar juntos. Há três dias, Naim Balata, 45, eletricista, chegou à casa de seu irmão mais velho com sua esposa, seis filhas e o filho de 7 anos, Yahya. Eles tinham sido avisados ??pelo Exército israelense para deixar seu bairro em Jabalya por causa de uma ofensiva iminente contra os militantes do Hamas. Mas havia um outro motivo: seu teto não foi feito de concreto, de modo que eles temiam que um foguete poderia perfurá-lo, disse parentes. Depois do almoço, na terça-feira, Naim tirou uma soneca, assim como seu irmão, Abdul Karim. As mulheres estavam limpando e conversando, quando ocorreu a primeira explosão que destruiu toda a casa, e enviou pelos ares tijolos e metais, lembra Karim, que tinha acordado e correu para fora, junto com seu filho e esposa. Em seguida, um segundo ataque jogou Karim no chão. Quando ele se levantou, correu de volta para sua casa para ajudar seus parentes. — Eu encontrei o meu sobrinho, Yahya, no chão e peguei ele — disse Karim. — Metade de seu rosto estava dilacerado. Perto estava o seu neto e homônimo. Ele tinha 14 meses. Sua mão quase foi cortada, e ele estava coberto de sangue, mas ainda vivo. Quando o viu, Karim perdeu a consciência. Uma ambulância chegou e levou a criança para o hospital. Membros da família mais tarde encontraram os corpos de Naim, sua esposa e suas seis filhas nos escombros. Estavam todos em seu quarto, como se tivessem ido até lá para acordá-lo após a primeira explosão. O corpo da filha de Karim, de 18 anos, Hadeel, também estava nos escombros. Ao cair da noite, a família Balata havia enterrado seus mortos no cemitério, a poucos passos da casa. Na quarta-feira de manhã, o bebê morreu no hospital. E no mesmo dia ele foi colocado em uma das sepulturas. ÚNICO SOBREVIVENTE DE UMA FAMÍLIA DE 10 PESSOAS Na quarta-feira à tarde, após o funeral, Allah Balata sentou solenemente em uma cadeira. Filho de Naim, ele também estava na casa, mas escapou vivo. Agora, é o último membro sobrevivente de sua família, o único que vai levar o nome de seu pai. Balata mostrou uma foto em seu celular de seu irmão Yahya segurando orgulhosamente um certificado por atingir notas altas na escola. Vizinhos e autoridades locais, em entrevistas, disseram que a família não estava ligada ao Hamas ou qualquer outra facção militante palestina. Karim, motorista de uma agência de notícias palestina, disse que não tinha vínculo com a insurgência e não entende por que sua casa foi atacada. Havia dezenas de homens com o órfão Balata, em um edifício onde 52 membros da família moravam. Não houve clamor de vingança, nem revolta contra Israel. Também não havia bandeiras do Hamas ou da Palestina. Quando perguntado se sentia que o Hamas é parcialmente responsável pelos problemas de sua família, Karim não rejeita rapidamente essa ideia e nem amplia o apoio inabalável para a resistência, como muitos palestinos em Gaza costumam fazer em entrevistas. — Eu sou contra a violência e morte de ambos os lados — afirma Karim. — As crianças israelenses são preciosas para eles. Nossas crianças são preciosas para nós. Ele acrescentou que espera que os líderes do Hamas se reunirá com outras facções palestinas e elaborarão um cessar-fogo duradouro com Israel. Ele não insistiu, como muitos habitantes de Gaza têm feito nos últimos dias, que um cessar-fogo deve vir somente se todas as exigências palestinas forem cumpridas - ou que o Hamas deve lutar contra Israel até que isso aconteça. — Claro que eu apoio o processo de paz. Quem gosta de ver sua família se machucar? — pergunta Karim. Momentos depois, ele segurava uma foto tamanho passaporte de sua filha, Hadeel. Ela também tinha notas excelentes na escola. Ela queria ser médica e trabalhar nas Nações Unidas, relatou Karim com a voz sumindo. — Eles destruíram o futuro da minha família. Lá fora, um outro projétil de artilharia explodiu distante, e um drone israelense voava no céu azul claro.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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