A família da dona de casa Inaria Taciana, que mora na Zona Norte de Teresina, ainda aguarda do Instituto de Medicina Legal (IML) a liberação do corpo do irmão morto em março de 2014. A espera dolorosa já dura um ano e meio. Segundo familiares, alguns exames de DNA não foram suficientes para a identificação.
O drama da família foi mostrado no Bom Dia Piauí desta segunda-feira (14).
João Francisco de Carvalho morreu no dia 2 de março de 2014. O corpo do jovem só foi encontrado 90 dias após o crime, jogado em um terreno baldio no Conjunto Dilma Rousseff, Zona Norte de Teresina. Na sexta-feira (11), o padastro de João Francisco tentou mais uma vez a liberação do corpo do jovem junto ao IML.
De acordo com Inaria, irmã do jovem morto, já foram feitos dois exames de DNA, mas desses um deu negativo e o outro ainda aguarda o resultado. Para os parentes não restam dúvidas, já que outro exame acusa uma placa de platina que o jovem tinha em uma das pernas.
"Dói demais eu não ter o meu irmão comigo e ainda mais saber que a ossada dele ainda está no IML. Todos os exames falam do local onde está a platina, só que eles falaram que não tem como comprovar nem liberar o corpo", disse.
"Foram muitas as caminhadas que eu e a irmã dele já demos até aqui [IML] e nada. Eles contam que o resultado do exame já saiu e que ainda não comprova que é o corpo dele. A mãe quer fazer o enterro do filho e isso já vai completar dois anos", disse.
Outras falhas
Outra reclamação que pesa contra o Instituto Médico Legal é a demora para remover um corpo.O supervisor de limpeza Orlando Matias teve um sobrinho morto em acidente de carro e relatou que o corpo só foi removido após quatro horas do ocorrido.
"O acidente foi às 2h da manhã mas a equipe do IML só foi chegar no local para retirar o corpo às 6h. Logo em seguida, nós fomos até o IML e só após seis horas ele foi liberado. Quando chegamos lá não tinha ninguém. Além da falta de estrutura, houve o problema da burocracia. Eu como tio não pude liberar o corpo" , contou.
O presidente do sindicato dos peritos do IML informou que há várias falhas no sistema, incluindo falta de equipamentos, materiais e serviços. Apenas dois médicos peritos trabalham por plantão e atendem a todo o estado.
"Nós não temos a mínima condição de atender a população bem, como ela merece, de realizar as nossas perícias. Não temos laboratório, equipamentos bem reagentes. Padecemos de uma falta de total descaso do governo para com a nossa perícia", disse.
Até a publicação e veiculação da reportagem, o IML não foi encontrado para dar uma resposta sobre o problema na unidade.