"Fa�o at� 18 shows por m�s sem

"Fa�o at� 18 shows por m�s sem ter que ir ao Faust�o", diz Elba Ramalho.

Publicada em 05 de Março de 2014 �s 11h29

�Dama do Carnaval do Recife, Elba Ramalho encerrou a folia no Marco Zero, nesta ter�a (4), em um show celebrando seus 35 anos de carreira. O momento, segundo a cantora, � especial, marcado pela liberdade art�stica. "N�o preciso mais me preocupar em tocar no Faust�o", diz, sem esconder que j� pensa no fat�dico dia da aposentadoria. "H� muito desgaste".

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Apesar da agenda exaustiva, com dois shows di�rios, Elba recebeu a reportagem do UOL em seu quarto de hotel no Recife, para uma entrevista exclusiva. O convite partiu dela mesma, ignorando a recusa de sua assessoria, ap�s um encontro casual no sagu�o.

Dona de simpatia e simplicidade raras para uma estrela de seu porte, ela falou, entre outros assuntos, sobre a ruptura com as multinacionais, o primeiro Grammy que veio logo em seguida, de como era feliz antes da fama e at� da vida religiosa. "Vou � missa todos os dias". Leia abaixo.

UOL - Qual a sensa��o de comemorar 35 anos de carreira?
Elba Ramalho - A gente se torna um patrim�nio tombado. � importante comemorar porque � uma hist�ria longa de estrada incans�vel. At� comentei isso com o Lenine, que s�o muitos anos fazendo e trabalhando, Carnaval, show, grava��es de disco, praticamente um por ano, foi uma vida muito intensa dedicada a isso. Quando eu olho para tr�s, penso como fui corajosa de fazer tanta coisa.

Essa comemora��o anima voc� a se lan�ar em novos trabalhos?
H� um est�mulo, talvez aproveitando a data fa�a um trabalho triplicado. Tenho um monte de disco para gravar, se conseguir ficarei satisfeita. Mas n�o tenho mais ansiedade do mercado, sou uma artista solicitada, tenho minha compet�ncia e hist�ria, todos sabem quem eu sou, e isso � �timo, tenho conseguido o meu espa�o e minha identidade para deixar a minha marca, ent�o eu vou aproveitar para me divertir.

E quais as novidades para esse ano?
Vou gravar um disco de frevo, um de carreira com can��es in�ditas de parceiros, outro com a Orquestra Jovem do Rio, e tem ainda um quarto convite, que vou ver se d� tempo, com Duani e Mariana Aydar, que � de retomar um trabalho que eu faria com o Dominguinhos.

Que trabalho � esse?
� um disco que faria com Dominguinhos, resgatando mais de 30 can��es que cantei ao longo da minha hist�ria musical com ele, e outras que ficaram perdidas nos discos, que n�o tiveram a sorte de ir para uma novela e se tornarem mais conhecidas, como "Aconchego".

Voc� acha que esse � seu momento mais independente em rela��o ao mercado? Hoje voc� pode fazer o que quiser e dez anos atr�s n�o podia?
Quando o mercado come�ou a mudar, e a ind�stria a se balan�ar, eu j� tinha meu est�dio em casa, meu selo e j� estava atinando para essa independ�ncia. O disco "Qual o Assunto Que Mais Me Interessa" foi o que marcou o meu rompimento com as multinacionais. Ganhei o primeiro Grammy Latino com esse disco, fiz uma turn� de 40 shows pelo Brasil inteiro. Antigamente ao lan�ar uma m�sica ficava preocupada se ia tocar no S�o Jo�o, ou se ia ao programa do Faust�o. Hoje n�o me preocupo mais se vou a programa ou se vai tocar nas r�dios. Para um artista � interessante essa autonomia.

Voc� se sente realizada como artista?
Muito. Minha agenda n�o para, fa�o at� 18 shows [por m�s] sem ter m�sica no r�dio e sem ter que ir ao programa do Faust�o. Consegui minha autonomia ao mesmo tempo que me divirto. Quando digo que vou gravar quatro discos, meu empres�rio deve pensar que estou louca, mas � isso, fa�o o que eu quero, por exemplo, a Orquestra Jovem do Rio me convidou para gravar um disco, eu topei. Preparo o disco, vou l� e canto. N�o sou funcion�rio p�blico.

Voc� foi a primeira a gravar m�sicas do Lenine, como foi o encontro com ele?
Lenine � um dos artistas que mais admiro, acho genial. � um cara com o qual convivo h� mais de 30 anos, a gente morava cada um num lugar maluco em Santa Teresa. Eu era atriz. Falamos sobre isso, com a gente era feliz antes da fama, mesmo sem dinheiro. Faz�amos saraus na casa de Br�ulio Tavares (escritor paraibano), que foi um de meus esteios, somos da mesma terra, quando nos conhecemos tinha 14 anos, ele 15, ele j� era meu �dolo. �ramos jovens cabeludos em Campina Grande, Br�ulio era o cara mais culto da cidade, � at� hoje, ali�s. Eu era a �nica mulher de um grupo de pretensos intelectuais. N�o podia ser burra, ent�o com 14 anos lia livros de Ernest Hemingway, Enzra Pound, Carlos Castaneda e outros. Minha adolesc�ncia foi muito divertida nesse sentido, minha vida era no teatro e no barzinho tocando viol�o.

Voc� pensa em parar?
Penso. Tenho algumas quest�es delicadas. Vivo uma vida muito espiritual, sou religiosa, rezo muito, vou � missa todos os dias. Vivo para a fam�lia, para o trabalho. Penso que h� tanto desgaste, mas sei l�, n�o quero falar disso, se chegar essa hora, e tiver que acontecer, vou falar que ser� meu ultimo ano de trabalho. Acho que o mundo est� mudando com muita rapidez e tudo ser� bem diferente nos pr�ximos dez anos; nos pr�ximos vinte ent�o, nem se fala. Eu tenho que come�ar a pensar que j� estou subindo. Sei que esse mundo � passageiro. Uma hora toda essa casca aqui ter� que ser deixada e eu terei que transcender como espirito.

E o que voc� acha desse t�tulo que recebeu aqui no Recife, de dama do Carnaval?
Carnaval � a festa do c�o, do pecado (diz, rindo). N�o sou dama de nada. Acho que sou mais madrinha do Carnaval. Na verdade sou uma artista ligada a Pernambuco, estado que � generoso demais comigo. No ano, mais de 70% de meus shows s�o aqui. J� passei anos inteiros trabalhando em Pernambuco, de S�o Jo�o a S�o Jo�o. Estou viva e tenho um museu em minha homenagem em Caruaru, ao lado do museu de Gonzaga.

Tags: "Fa�o at� 18 shows - Dama do Carnaval do

Fonte: uol �|� Publicado por: Da Reda��o

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