Iraquianos que se voluntariaram a lutar contra os jihadistas no norte do país deixam centro de recrutamento em bagdá nesta sexta (13)
Imagem: AFP PHOTO / ALI AL-SAADIIraquianos que se voluntariaram a lutar contra os jihadistas no norte do país deixam centro de recrutamento em bagdá nesta sexta (13)
O primeiro-ministro iraquiano afirmou nesta sexta-feira (13) que as forças de segurança tinham começado a "limpar" algumas cidades dos jihadistas, que avançam em três frentes em direção à Bagdá em uma ofensiva relâmpago.
Mais cedo, o governo havia anunciado um plano para defender Bagdá dos jihadistas, que estão a menos de 100 km da cidade.
Os combatentes do grupo radical sunita do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) são conhecidos por seus abusos na Síria, onde também combatem as forças do governo local. Eles avançam em direção a Bagdá por ruas quase desertas, a partir da província de Al-Anbar, a oeste, de Saladino, ao norte, e de Dijalah, a leste.
O abandono de postos pelas forças de segurança diante desta ofensiva lembra "o que aconteceu com o Exército americano quando as forças americanas entraram no Iraque", segundo o ministro das Relações Exteriores.
Frente a esta situação, o aiatolá Ali al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque, pediu nesta sexta que todos peguem em armas contra os combatentes do EIIL.
"Os cidadãos que podem usar armas e combater os terroristas para defender seu país, seu povo e seus locais sagrados, devem ser voluntários e se juntar às forças de segurança para cumprir este objetivo sagrado", declarou em seu sermão semanal o xeque Abdel Mahdi al-Karbalai, nome do aiatolá Sistani.
Pouco antes, o governo fez o mesmo apelo à população. Milhares de voluntários já responderam e foram conduzidos nesta sexta para campos de treinamento em Taji, ao norte de Bagdá.
ONU aumenta ajuda
Preocupada com os avanços dos extremistas, a ONU alertou para as "informações sobre execuções sumárias e extrajudiciais" no Iraque.
Nesta sexta (13), o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, disse que "as agências da ONU estão levando mais suprimentos ao interior do país, antecipando um maior deslocamento" da população.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) organizou um comboio aéreo de Dubai que deve transportar material humanitário a Erbil, a capital da região autônoma do Curdistão, no norte do Iraque, explicou Haq.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, ressaltou que centenas de pessoas podem ter morrido e mil foram feridas nos últimos dias, enquanto os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) avançam em direção a Bagdá.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou cerca de 40 mil pessoas fugindo dos combates em Tikrit e Samarra, e de mais de 500 mil, em Mossul, a segunda maior cidade do país. O deslocamento em massa de iraquianos suscita preocupações cada vez maiores a respeito de uma longa crise humanitária no país.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que estuda a ajudar o Iraque a lidar com os insurgentes jihadistas, mas que descarta o envio de tropas.
Avanço em direção a Bagdá
De acordo com o aiatolá Ali al-Sistani, "o Iraque enfrenta um grande desafio e um perigo sem precedentes. Os terroristas não querem controlar apenas algumas províncias, eles anunciaram que vão tomar todas as províncias, incluindo Bagdá, Karbala e Najaf. Daí a responsabilidade de enfrentá-los e lutar contra eles".
O governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita detestado pelos rebeldes sunitas e denunciado como um ditador por seus críticos, anunciou a aplicação de um plano de segurança para defender Bagdá, que prevê uma grande mobilização das forças de segurança e um reforço dos serviços de inteligência, e convocou os civis a ajudar a proteger a capital.
Abu Bakr al-Baghdadi, líder do EIIL, que quer criar um Estado islâmico, também convocou seus militantes a "marchar em Bagdá, Kerbala e Najaf", as duas cidades santas do Islã xiita.
Com a retirada em massa das forças armadas, os milhares de jihadistas tomaram na terça-feira Mossul, a segunda maior cidade do país, e sua província de Nínive (norte). Tikrit e outras regiões da província de Sladino, além de setores das províncias de Dijalah (leste) e Kirkuk (norte) também foram invadidos. Desde janeiro, os rebeldes controlam Fallujah, 60 km a oeste de Bagdá.
Após a entrada dos rebeldes em Dijalah, o Exército tentava impedir seu avanço até Baquba, a 60 km de Bagdá, segundo as autoridades. Outras testemunhas falaram da chegada de reforços jihadistas em Samarra (110 km ao norte de Bagdá), o que pode significar um novo ataque a essa cidade. Maliki viajou nesta sexta-feira à Samarra, de maioria sunita, para participar de uma reunião de segurança.
Em plena ofensiva jihadista, o Ministério iraquiano das Comunicações ordenou as operadoras telefônicas e aos provedores de internet que bloqueiem o acesso as redes sociais.