A ex-mulher de Sérgio Cabral, Susana Neves Cabral, foi conduzida coercitivamente para prestar depoimento nesta quinta-feira (26), na sede da Polícia Federal (PF), como parte da Operação Eficiência. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ela recebeu repasses constantes do ex-governador, acusado de lavar cerca de R$ 340 milhões no exterior.
De acordo com o advogado de defesa de Suzana, Sérgio Riera, o dinheiro era uma pensão do ex-marido, mas ela não sabia a origem do dinheiro. "Eles poderiam tê-la intimado. Ela viria responder as perguntas sem problemas. Não precisava dessa violência.", disse Riera.
Susana é uma das quatro pessoas que a Justiça autorizou que fossem conduzidas coercitivamente para prestar depoimento na operação do MPF e da PF. Na decisão, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, diz que Susana é a pessoa que "seria direta e constantemente beneficiada com vultosas transferências de valores, ao que parece obtidos pela atuação ilícita da Organização Criminosa (ORCRIM) descrita", descreve o magistrado.
Pouco antes das 12h, Susana deixou a sede da Polícia Federal após prestar depoimento.
Segundo o MPF, o que justifica o pedido de condução coercitiva é a necessidade de apurar o quanto ela sabia sobre a origem do dinheiro que recebia de Cabral.
De acordo com o MPF, Susana era chamada de Susi nas anotações de Carlos Bezerra, operador responsável pela contabilidade paralela e pela movimentação financeira da organização criminosa. No período compreendido entre 2014 a 2016, a ex-mulher de Cabral recebeu, ao menos, 13 vezes valores transferidos por Carlos Bezerra e Carlos Miranda, oriundo de recursos ilícitos, totalizando R$ 883 mil.
No entanto, o valor pode ser ainda maior. Segundo o MPF, ela recebia dinheiro de diferentes operadores do esquema e também seria identificada em outras planilhas como Susana Brade ou Manoel.
A Operação Eficiência é um desdobramento da Calicute, no âmbito da Lava Jato. Cerca de 80 agentes estão cumprindo nove mandados de prisão e quatro de condução coercitiva. Entre os procurados está o empresário Eike Batista, que está foragido.
Ele é acusado de pagar propina a Sérgio Cabral que, segundo o MPF, teria ocultado cerca de R$ 340 milhões no exterior. Cabral também teve a prisão preventiva decretada. Ele está preso em Bangu, por já ter tido outro mandado cumprido, no fim de 2016, durante a operação Calicute.