Uma ex-funcionária do médico Leandro Boldrini, que não quis ser identificada, admitiu que ele mudou muito depois do segundo casamento, com Graciele Boldrini. O único cirurgião-geral de Três Passos (RS), a mulher e uma amiga são os principais suspeitos da morte do filho dele, Bernardo, de 11 anos.
— Ele mudou muito depois da morte da Odilaine [mãe de Bernardo], quando ele se casou com a Graciele. Não é a mesma pessoa. Eu desconheço essa pessoa.
Após o assassinato de Bernardo, a polícia decidiu reabrir a investigação da morte de Odilaine Uglione. Até agora, o caso era tratado como um suicídio, mas a polícia suspeita que ela possa ter sido assassinada.
A mãe de Bernardo teria se matado três dias antes de assinar um divórcio milionário. O caso aconteceu dentro da clínica de Leandro. Cerca de dois meses depois, ele assumiu o relacionamento com Graciele, que ele havia contratado quando ela era estudante de enfermagem.
Com a morte da mãe, Bernardo morava com o pai, a madrasta e com uma filha do casal, de um ano. Ele chegou a procurar o Ministério Público para contar que o pai não lhe dava atenção e que era maltratado por Graciele.
Uma vizinha da família contou que no domingo (6), dois dias após a morte do menino, o casal foi visto com amigos no quintal, tomando chimarrão e rindo. Na noite anterior, eles foram uma festa em uma cidade vizinha, onde teriam gasto cerca de R$ 1.000, ficaram em um camarote e beberam espumante.
O crime
Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu de casa, em Três Passos, no noroeste do Estado, no dia 4 de abril. O corpo foi encontrado na última segunda-feira (14), dentro de um saco plástico, enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a 80 km de distância. Na mesma noite, a polícia prendeu o pai do garoto, a madrasta e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, de 40 anos, amiga de Graciele, sustentando que os três têm envolvimento com o crime, com participações individuais a serem esclarecidas.
A polícia confirma que dois fatores foram decisivos para a localização do garoto. Um foi a multa aplicada pela polícia rodoviária à madrasta, por excesso de velocidade, que mostrou que houve uma viagem de Três Passos a Frederico Westphalen em 4 de abril. O segundo foi a análise de imagens colhidas no mesmo dia por uma câmera de vigilância da rua, próxima da casa da assistente social, expondo imagens das duas saindo com o garoto e voltando sem ele. A perícia deve indicar se Bernardo foi morto por uma injeção letal aplicada por uma das mulheres.