O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomendou nesta quarta-feira que americanos saudáveis com alto risco de contrair HIV tomem diariamente o medicamento antirretroviral Truvada, fabricado pelo laboratório Gilead Sciences.
Imagem: ReproduçãoClique para ampliar O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas, mais antigas, usadas no combate ao HIV: Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances de a aids se desenvolver.
A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e pelo uso de preservativo.
O Truvada costuma provocar, como efeito colateral, vômitos, diarreia, náuseas e tontura. Há casos também de intoxicação do fígado, perda óssea e alteração da função renal.
As diretrizes consideram grupo de risco pessoas com parceiros infectados pelo HIV; homens gays que fazem sexo sem preservativo; heterossexuais com parceiros que usam drogas injetáveis ou que sejam homens bissexuais; e qualquer pessoa que compartilhe drogas injetáveis.
O Truvada foi aprovado em 2012 pela FDA, agência sanitária americana, como a primeira pílula para ajudar a prevenir o contágio do HIV em grupos de alto risco. O remédio, porém, é incapaz de evitar a doença sozinho: deve ser usado com outros meios de prevenção, como a camisinha.
A recomendação do CDC é uma tentativa de reduzir o contágio de HIV, que, há uma década, está praticamente estagnado em 50 000 novos casos anuais no país. Além disso, uma pesquisa divulgada pelo CDC em novembro de 2013 mostrou que o número de homens gays que admitem ter feito sexo sem proteção recentemente aumentou 20% entre 2005 e 2011.
"Não há vacina ou cura (para o HIV) em um horizonte próximo. Prevenção é a chave", disse Jonathan Mermin, diretor do CDC para prevenção de aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo ele, a nova diretriz pode salvar muitas vidas. "Na média, demora uma década para uma descoberta científica ser adotada. Nós esperamos reduzir essa janela e aumentar a sobrevida das pessoas."