Os Estados Unidos lançaram mais dois ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque nesta sexta-feira (8), além do primeiro ataque anunciado mais cedo, afirmou o Pentágono por meio de comunicado.
Os novo ataques incluiram o de um drone sobre a posição de um morteiro e o de quatro aviões caça F/A-18 contra um comboio do EI perto da cidade de Erbil.
O EI é um grupo radical islâmico jihadista que se apoderou de uma parte do noroeste do país, na fronteira com a Síria, e proclamou a criação de um califado nas zonas conquistadas. Os membros desse grupo se apresentam como herdeiros de um regime que existiu da época do profeta Maomé até um século atrás.
Os bombardeios dos EUA foram autorizados nesta quinta-feira (7) pelo presidente Barack Obama para defender as minorias que estão sendo massacradas pelos jihadistas no país. Obama também autorizou uma operação humanitária de assistência aos deslocados.
No primeiro ataque, duas aeronaves F/A-18 lançaram bombas guiadas por laser contra uma artilharia móvel dos jihadistas perto de Erbil, segundo o porta-voz do Pentágono, o almirante John Kirby. Ele afirmou que os rebeldes islamitas têm utilizado esta artilharia para bombardear as forças curdas que estão defendendo Erbil, onde tropas americanas estão localizadas.
Após a ação americana contra as posições jihadistas, o chefe de equipe do exército iraquiano disse esperar que as tropas federais e as forças curdas peshmergas recuperem grandes extensões de terra.
"Haverá grandes mudanças em terra nas próximas horas", declarou o tenente-general Babaker Zebari à AFP.
Na noite de quinta, quando as forças curdas haviam se retirado, os jihadistas tomaram posições em Qaraqosh, situada entre Mossul, a segunda cidade do país e em poder do Estado Islâmico, e Erbil.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta sexta que os ataques militares dos EUA no Iraque não têm data para acabar, explicando que a isso dependerá da situação de segurança no país.
“O presidente não disse uma data específica de fim”, disse ele, segundo a Reuters.
Sobre a ajuda militar dos EUA ao Iraque, o porta-voz disse que inicialmente ela será para proteger americanos que trabalham no Iraque e para lidar com a situação de emergência humanitária na montanha de Sinjar.
Segundo ele, os EUA poderiam oferecer mais ajuda militar ao governo do Iraque para ajudá-lo a combater os jihadistas, caso o país forme um novo governo “inclusivo”.
Presos nas montanhas
No domingo, a cidade de Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada pelos jihadistas, obrigando cerca de 200 mil pessoas a fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e de Rabia, um posto fronteiriço entre Síria e Iraque.
Milhares de civis, boa parte da minoria yazidi, estão presos nas montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas na região de Mossul.
EUA proíbem vôos comerciais sobre Iraque
A Agência Federal de Aviação (FAA) proibiu nesta sexta-feira (8) a aviação comercial americana sobrevoar o Iraque, onde os Estados Unidos estão realizando os seus primeiros ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI).
A FAA citou "situações potencialmente perigosas criadas pelo conflito armado" entre os militantes do IE e as forças de segurança do Iraque como a principal razão para esta proibição até novo aviso.
Empresas de outros países, como a Etihad Airways e a Turkish Airlines, cancelaram voos para o aeroporto de Erbil, no norte do Iraque, por razões de segurança.
Califado
Em junho de 2014, os jihadistas do EIIL anunciaram o restabelecimento de um califado, regime político islâmico encerrado há um século com a queda dos otomanos.
O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que a partir da proclamação do califado passou a se chamar Estado Islâmico (EI), pediu a todos os muçulmanos que jurem lealdade a seu chefe, proclamado califa, o que representa uma ameaça para o papel da Al-Qaeda na causa jihadista mundial. Eles já tomaram o controle de 17 cidades.
O avanço do grupo, favorecido pelo conflito entre a minoria sunita e os xiitas no poder, começou desde a saída de tropas dos Estados Unidos, em dezembro de 2011.