Homem carrega material eleitoral em Cabul
Imagem: - Massoud Hossaini/APHomem carrega material eleitoral em Cabul
Afegãos vão neste sábado às urnas para escolher, no segundo turno, o próximo presidente do país. Mas do outro lado do planeta, um atento Estados Unidos observa com interesse redobrado estas eleições, ainda mais depois do avanço de tropas fundamentalistas islâmicos no Iraque. Explica-se: ambos os países enfrentam dificuldades em conter extremistas, e ambos foram alvos de intervenção americana na última década. Se no Iraque o avanço do Exército Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) põe em xeque a retirada das tropas americanas, no Afeganistão não é diferente em relação ao Talibã, que promete agir com violência para desestabilizar a votação.
Na sexta-feira, especialistas em monitoramento da ONU afirmaram, em um relatório ao Conselho de Segurança, que talibãs ligados a al-Qaeda são um “desafio terrorista direto” para o país e “uma ameaça à segurança a longo prazo, que emana do Afeganistão para a região". Além disso, a equipe disse que a reconciliação entre o governo afegão e os talibãs estagnou. Três semanas após o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciar a retirada dos últimos soldados americanos, o clima agora é de incerteza. Com a insurgência islâmica recrudescendo ferozmente no Iraque, as autoridades dos EUA querem logo o fim do mandato do atual presidente afegão, Hamid Karzai, que não assinou um pacto de segurança que permitiria a americanos e aliados manter tropas no país após o fim do ano. À sombra da ameaça talibã, observadores internacionais alertam ainda para as possíveis fraudes, como as que marcaram a última eleição, em 2009. saiba mais Afeganistão inicia eleição presidencial Leia mais sobre Eleições no Afeganistão
CHEGADA DE SARGENTO
Para evitar o possível caos nas eleições, o governo fechou prédios oficiais e escolas, para facilitar o planejamento de segurança. E ambos os candidatos, o oftalmologista Abdullah Abdullah, ex-ministro das Relações Exteriores, e o economista Ashraf Ghani, que já ocupou um alto cargo no Banco Mundial, contrataram milhares de observadores para acompanhar a votação e evitar fraudes. Caso as eleições ocorram com tranquilidade, será a primeira transição pacífica de poder da história do Afeganistão, o que pode resgatar a popularidade de Obama, afetada pelos 13 anos de Guerra do Afeganistão. Os dois candidatos já se comprometeram a manter uma relação militar estreita com os EUA
Popularidade que, além de atingida pelo conflito, foi abalada também pelo resgate do sargento desertor Bowe Bergdahl no Afeganistão. Bergdahl chegou ontem aos EUA, vindo da Alemanha, e fez exames médicos em um hospital militar no Texas. Oficiais do Exército afirmaram que ele “parecia bem”, com “condição estável”.