A Lagoa de Parnaguá, localizada a 823 km de Teresina e com 69 milhões de metros cúbicos de capacidade, já foi um conhecido cartão postal e fonte de renda para centenas de pessoas da cidade de mesmo nome, mas a longa seca e a destruição de suas margens fizeram com que a quinta maior lagoa do Brasil secasse. No que antes era um vistoso e imenso espelho d’água, hoje se vê apenas mato seco e, não raro, queimadas.
A lagoa está seca há pelo menos 60 dias, mas há 16 anos venho alertando que ela precisava de cuidados, que estava secando, mas ninguém deu ouvidos. Hoje todos sofrem com essa calamidade”, afirmou Absalão Dias Castro, secretário de meio ambiente de Parnaguá, palavra de origem tupi que significa 'enseada de grande rio'.
O município onde fica a lagoa é um dos campeões em número de focos de incêndio no Piauí. Em alguns dias dos meses de setembro e outubro chegou a ser a cidade com o maior número de queimadas do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No mês passado, um imenso incêndio queimou parte da vegetação que nasceu onde antes era o leito da lagoa, como mostra a foto que abre essa matéria.
Para Absalão, que também é presidente da uma fundação que luta pela conservação do reservatório natural, a pecuária e o desmatamento desenfreado das margens da lagoa, dos rios e riachos que desaguam nela provocaram a atual situação.
“Aqui eram 200 famílias que sobreviviam apenas da pesca em Parnaguá. No ano passado eles ainda conseguiram pegar alguma coisa, mas hoje uns foram embora para a Bahia e outros foram para a barragem de Algodões II, para poder ao menos sobreviver. Os pecuaristas mataram os entornos da lagoa e o Rio Paraim”, disse.
Os motivos apontados por Absalão foram os mesmos encontrados pelos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente do Piauí (Semar), que elaboraram um relatório sobre o estado de calamidade da lagoa. O secretário da Semar, Ziza Carvalho, apontou que a degradação do Rio Paraim é um dos motivos para a atual situação e que sua recuperação pode ser o começo da solução.
“O relatório nos trouxe que o rio está muito assoreado, que fazendeiros ocuparam as APPs (Áreas de Preservação Permanente), que existem residências na área da lagoa e que o esgotamento sanitário é despejado nela. Além disso, estamos vivendo uma longa seca com períodos chuvosos ruins”, afirmou o gestor.
Ainda de acordo com o secretário, a recuperação do Rio Paraim é uma das diretrizes apontadas pelo relatório, que prevê ações na bacia hidrográfica da região. “A ideia que vamos levar ao governador Wellington Dias é a limpeza e desassoreamento do Rio Paraim. Tem que ser feito um trabalho de desobstrução, retirar o material orgânico, árvores, areia e corrigir os desvios feitos em propriedades particulares. Isso tem que ser feito de forma urgente para que ele possa abastecer novamente a lagoa”, finalizou.
Para o G1, o secretário Ziza afirmou que nessa sexta-feira (6) informaria para o governador sobre os dados do relatório e solicitaria as intervenções necessárias no Rio Paraim.