Publicada em 17 de Novembro de 2015 �s 17h27
Organizar uma força tarefa para levantar dados sobre a real situação do Piauí com relação à incidência de bebês com microcefalia foi o objetivo da reunião realizada na manhã desta terça (17), na Diretoria de Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde (DUVAS) da Secretaria de Estado da Saúde. Na reunião, foram apresentados os 27 casos registrados em 2015 no Piauí.
Dos 27 casos, 22 foram registrados na MDER, quatro na Maternidade Wall Ferraz e um na Maternidade Santa Fé. O sinal de alerta veio de ocorrências no Estado de Pernambuco, onde foram registrados 160 casos da doença somente em 2015. Para vislumbrar o número de casos de microcefalia no cenário nacional, o Ministério da Saúde solicitou relatórios aos demais estados da federação.
Juntos, DUVAS, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Fundação Municipal de Saúde (FMS), Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), Maternidade Santa Fé, Ciamca, Laboratório Central do Estado (Lacen) e Ministério da Saúde instituíram o Comitê de Operações de Emergência em Saúde-Microcefalia para investigar as causas que levaram ao aumento de 350% dos casos em 2015 (27 casos confirmados) em relação a 2014 (seis casos confirmados).
“Em resposta ao Ministério da Saúde, o Estado do Piauí está hoje avaliando os dados das maternidades de Teresina, onde observamos o aumento considerável de casos de microcefalia, em comparação aos anos anteriores, principalmente a partir do dia 04 de outubro deste ano. Diante disso, estamos informando ao Ministério esses casos e vamos permanecer fazendo avaliações nos nossos prontuários, livros de registro para observarmos outros casos possíveis”, declarou o diretor da DUVAS, Herlon Guimarães.
Para o diretor, diante desses dados, o Ministério deve dar novas orientações de como proceder. "Vamos fazer com esses bebês, com as gestantes, como iremos acompanhá-los e isso nós vamos aguardar a instrução do Comitê nacional para todos os estados onde teve esse aumento”, disse.
Segundo a representante do Ministério da Saúde, Carmem Viana, serão também investigados se os casos se restringem à microcefalia ou se existe alguma outra anomalia associada à doença. “Estaremos definindo protocolos de atendimento e orientações para os profissionais que lidam com esse segmento da população. A microcefalia pode ser a ponta do iceberg. Não sabemos o grau de acometimento dessa síndrome que se apresenta e que investigaremos em diversas frentes para sabermos do que se trata”, disse.
O que é a microcefalia
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm.
Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.
De acordo com Guimarães, com o diagnóstico de microcefalia, “existem condições em que o bebê pode passar por procedimento cirúrgico, mas pode-se fazer terapias com multiprofissionais para que haja um melhoramento da qualidade de vida dessa criança como também um melhoramento das condições motoras e cognitivas”.