Imigrantes haitianos sentados em frente à paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, em São Paulo
A secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, chamou de "irresponsável" a conduta do governo do Acre ao facilitar a vinda de 400 haitianos para São Paulo nos últimos 15 dias. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) reclama que não houve comunicação entre as autoridades acreanas -o Estado é governado por Tião Viana (PT)- e paulistas. "Quero demonstrar a minha preocupação e indignação", afirmou ontem Eloisa Arruda à Folha de São Paulo.
Imagem: Moacyr Lopes Junior/FolhapressImigrantes haitianos sentados em frente à paróquia Nossa Senhora da Paz, no Glicério, em São Paulo
Para ela, existe um risco real dos imigrantes do Haiti serem aliciados para trabalho escravo ou até mesmo pelo tráfico de drogas. Segundo a Folha de São Paulo, ontem (23), foi observado a situação de precariedade dos haitianos na paroquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, região central da capital paulista. Eles passam o dia vagando pelo entorno da igreja. A comida só chega por doações.
Como muitos não têm documentação e endereço fixo na cidade, fica praticamente impossível arrumar um emprego formal. Haitianos que estão há mais tempo em São Paulo tentam auxiliar os compatriotas recém-chegados a encontrarem emprego e estadia.
O fenômeno não é novo. Por causa dos sérios problemas sociais do Haiti, há pelo menos três anos, a onda migratória daquele país em direção ao Brasil é grande. O secretário do Acre Nilson Mourão, também da pasta de Justiça e Direitos Humanos, afirma "que não entende a postura do governo paulista".
Entrada
Segundo Nilson Mourão, há três e anos e meio, mais de 20 mil haitianos chegaram ao Acre. "Eles não ficam aqui. É apenas uma porta de entrada. A maioria segue viagem rumo ao sul do país. Esse processo não tem nada de novo", afirmou.
O secretário afirma que, nos últimos 15 dias após o fechamento de um abrigo para haitianos na cidade de Brasiléia, perto da Bolívia e do Peru, o governo do Acre ficou obrigado a acelerar a ida dos imigrantes para os seus destinos finais no Brasil.
"Nós chegamos no limite. A cidade de Brasiléia, de 10 mil habitantes, está com 20% da sua população formada por imigrantes".
Para Mourão, o Estado de São Paulo, "o mais rico da federação", tem total condições de abrigar os 400 haitianos que acabaram de chegar. Segundo o governo paulista, o Ministério Público do Trabalho foi acionado e está cadastrando os haitianos que desembarcaram na capital nos últimos dias. "Existe apenas 100 na Missão Paz. Não sabemos onde está o resto", disse Eloisa.