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Escolha de novo premiê cria mais um foco de tensão no Iraque

Publicada em 11 de Agosto de 2014 �s 18h18


Haider al-Abadi Haider al-Abadi  Nesta segunda, o presidente iraquiano, Fuad Masum, pediu ao vice-presidente do Parlamento Haider al-Abadi - que acaba de ser nomeado pelos principais partidos xiitas como primeiro-ministro - que forme um novo governo. Imagem: DivulgaçãoHaider al-Abadi O anúncio, que mostra o apoio do presidente à decisão dos partidos xiitas, desagradou o atual premiê, o também xiita Nouri al-Maliki, que busca um terceiro mandato. Após eleições inconclusivas em abril, o parlamento não chegou a um consenso sobre a indicação de Maliki para o novo mandato. Na ocasião, o presidente se recusou a intervir. Na noite de domingo, Maliki anunciou na TV iraquiana que processaria o presidente por violar a constituição, ao perder um prazo para apontar o novo primeiro-ministro devido a, como alega o premiê, questões políticas. Após seu pronunciamento, forças de segurança e milícias xiitas leais a Maliki foram deslocadas para locais estratégicos em Bagdá. "Humilhação" Na manhã desta segunda-feira, após o pronunciamento do presidente Fuad Masum, a Casa Branca anunciou que o vice-presidente americano Joe Biden ligou para Abadi, prometendo o apoio dos Estados Unidos na formação de um novo governo. Al-Abadi, um engenheiro elétrico de formação, vivia em exílio em Londres durante o regime de Saddam Hussein e voltou ao país depois de sua derrubada do poder. Ele foi ministro da Comunicação e como chefe do comitê de finanças do Parlamento iraquiano. Em seu primeiro discurso no cargo, Al-Abadi pediu a união dos iraquianos para combater o EI, que continua avançando no norte do país. Em Bagdá, Fuad Masum disse em um pronunciamento na TV que espera que Al-Abadi consiga formar um governo que "proteja o povo iraquiano". Analistas dizem que o anúncio representa uma humilhação pública para Nouri al-Maliki, cujo governo vinha perdendo apoio de curdos, sunitas e xiitas no país desde o início do avanço do Isis no norte do Iraque. A coalizão de Al-Maliki conseguiu o maior número de assentos no Parlamento nas eleições de abril, mas ficou longe de conseguir a maioria absoluta, que garantiria sua permanência no cargo. Com o crescimento da militância islâmica no norte, a opinião de seus opositores - de que ele não conseguirá estabilizar e unir o país, por não querer dividir poder com outros grupos - vem prevalecendo. Após problemas na relação com sunitas e curdos, o governo de Al-Maliki perdeu também o apoio dos Estados Unidos, que pressionam pela união política no país. Agora, ele perdeu também o apoio do seu próprio partido xiita - ao decidir sobre o novo premiê, a Aliança Nacional Xiita teria apoiado Al-Abadi com 130 votos, comparado com apenas 40 votos para Al-Maliki. O envio de forças de segurança e milícias leais ao premiê a locais estratégicos de Bagdá causou preocupação. O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu que Al-Maliki não interrompa o processo político e alertou contra o uso da violência. Mas segundo o correspondente da BBC no Oriente Médio, Jim Muir, é difícil acreditar que Nouri al-Maliki continuará em sua posição de poder. "Nos últimos quatro anos, Al-Maliki acumulou as pastas da Defesa, do Ministério do Interior e do Ministério da Inteligência, construindo uma poderosa rede de apoio nas forças de segurança - estimada em cerca de um milhão de pessoas - e também criou unidades de elite que respondem somente a ele", diz Muir. A questão agora, de acordo com o correspondente, é se ele tentará usar o Exército e as forças policiais para se manter no poder através de um golpe, mesmo que não tenha nenhum apoio político. Armas aos curdos Enquanto isso, no norte, a insurgência do EI continua a causar preocupação internacional. No início desta semana, os Estados Unidos anunciaram a entrega de armas diretamente aos soldados curdos, que estão combatendo os militantes em solo, com a ajuda dos ataques aéreos americanos. Segundo relatos, grupo islâmico tomou a cidade de Jalawla, a nordeste de Bagdá, um dia depois de os soldados curdos terem retomado controle as cidades de Gwer e Makhmur. O analista de defesa da BBC, Jonathan Marcus, diz que armar os soldados curdos é uma mudança significativa na estratégia dos EUA no Iraque. Até agora, Washington relutou em enviar mais armas aos soldados, com receio de acelerar uma separação curda do Iraque. Os Estados Unidos dizem que um maior apoio militar americano é condicional a um governo mais inclusivo e de união política em Bagdá. O país já lançou quatro rodadas de ataques aéreos aos militantes próximo a Irbil, capital da região autônoma curda no Iraque. No oeste do país, grupos religiosos minoritários, como os yazidis, tiveram que deixar suas casas, causando a necessidade de entrega de ajuda internacional por via aérea. Os ataques americanos foram o primeiro envolvimento direto do país em uma operação militar no Iraque desde a retirada militar do país, no fim de 2011. O presidente Barack Obama autorizou os ataques na semana passada, depois que yazidis foram forçados a deixar a cidade de Sinjar e se refugiar nas montanhas próximas.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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