Os líderes da União Europeia (UE) assinaram nesta sexta-feira (27) um acordo de associação com Ucrânia, Geórgia e Moldávia, três ex-repúblicas soviéticas que querem se aproximar da Europa ocidental, apesar das pressões da Rússia.
Veja cinco perguntas e respostas sobre o novo acordo:
Por que a UE iniciou este acordo inédito?
O acordo de associação permite ancorar esses países à UE sem definir uma data próxima de adesão.
Classificado de "inovador e ambicioso" pela Comissão Europeia, que o negocia desde 2007, o acordo de associação cria uma ampla cooperação em diversos setores: energia, justiça, política externa, vistos, cultura, entre outros. Os países deverão se comprometer a respeitar o Estado de direito e a luta contra a corrupção.
Sua ambição é criar também uma zona de livre comércio com a aplicação de normas comuns.
Quais são as consequências econômicas previstas?
Os três países ganharão acesso privilegiado ao mercado interno da UE, "o maior mercado único do mundo", com 500 milhões de consumidores. As exportações ucranianas poderiam aumentar cerca de 1 bilhão de euros ao ano, em particular de aço, do setor têxtil e de alimentos, o que elevaria seu crescimento em aproximadamente 1% ao ano, de acordo com um estudo da UE.
Em contrapartida, Kiev, Chisinau e Tblisi deverão empreender profundas reformas que podem ser socialmente e politicamente difíceis.
Para a UE, os benefícios comerciais podem ser interessantes no longo prazo, mas inicialmente custará dinheiro ao bloco, que deve ajudar as três frágeis economias. Somente a Ucrânia receberá 11 bilhões de euros, a maioria em empréstimos bonificados.
No longo prazo a UE "deverá fazer um esforço para ajudar esses países a realizarem dolorosas reformas, entre elas a do setor energético, para que fiquem menos vulneráveis a pressões russas", afirmou Judy Dempsey, do Instituto Carnegie Europe.
Qual será o impacto do acordo sobre a Rússia?
A prudência prevalece em Bruxelas, onde os especialistas não conseguiram prever que esse acordo desencadearia a grave crise ucraniana. Seis meses depois, a Rússia parece ter se dado conta de que não pode impedir os três países de assinarem o acordo de associação.
Entretanto, Moscou advertiu que tomará "medidas de proteção" se o acordo prejudicar sua economia. Sua principal preocupação é uma invasão de produtos da UE através do território ucraniano.
Apesar de suas reservas, Moscou aceitou iniciar negociações com Bruxelas e Kiev, a partir de 11 de julho, sobre as condições de aplicação do acordo de associação. Até agora, a UE "não conseguiu mostrar as vantagens" para a Rússia, advertiu a Chancelaria russa.
Os três países continuarão sendo livres para comercializar com a Rússia?
Sim, de acordo com os especialistas da UE, que criticam as afirmações de Moscou sobre o tema. No entanto, ao assinar o acordo, os três países não poderão se unir à União Econômica Euro-asiática, que Moscou tenta montar com seus vizinhos.
Somente dois vizinhos, Belarus e Cazaquistão, fazem parte dessa união, mas não são membros da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O acordo de associação será aplicado em territórios em disputa, como a Crimeia?
Não. A UE proibiu formalmente as importações de bens da Crimeia em 23 de junho, após sua integração à Rússia, considerada ilegal pelos europeus. Somente os produtos da Crimeia autorizados por Kiev poderão entrar na UE.
As empresas da Transnístria, região separatista da Moldávia, e as de Ossétia do Sul e Abkházia, territórios da Geórgia que tiveram sua independência reconhecida pela Rússia, não serão beneficiadas pelas vantagens comerciais ligadas ao acordo de associação.