Um detalhe em uma placa na obra da usina eólica Lagoa dos Ventos chama a atenção de quem chega: “Cuidado: homens e mulheres trabalhando”. O texto adverte que a modernidade chegou não apenas na forma de energia limpa. Situado na cidade piauiense de Lagoa do Barro, a 542 km de Teresina, o parque é realizado pelo trabalho de homens e mulheres desde a construção ao planejamento, como prova a engenheira Sabrina Costa, gerente de projetos da obra.
A gerência do projeto, parte central no desenvolvimento do parque, obriga a engenheira de 30 anos a lidar com todos os personagens de uma área predominantemente ocupada por homens. “O que eu faço hoje é a parte de gestão de pessoas e interface. É uma área ampla, e você precisa dos seus especialistas, da sua equipe para te dar apoio. Então você tem que saber ouvir as pessoas para tomar decisões acertadas”, comentou a engenheira em entrevista ao G1.
A engenheira assumiu a gerência de projetos também do parque eólico Delfina, construído na cidade de Campo Formoso, na Bahia. No parque eólico do Piauí, projeto mais de duas vezes maior do que o primeiro, Sabrina lidera mais de mil pessoas no canteiro de obras daquele que é o maior parque eólico em construção da America Latina.
Para a engenheira, o seu exemplo e o de outras mulheres que trabalham na mesma área é prova de que a diferenciação entre homens e mulheres tem sido quebrada no setor. E a placa que indica a presença de homens e mulheres na obra é uma demonstração do respeito pelo trabalho dessas mulheres.
“Podemos ver isso também pelo aumento no número de mulheres nos cursos de engenharia. E as empresas têm contratado elas. Não por ser mulher, mas pela competência mesmo. As mulheres têm possibilidade de crescer conforme o homem, não tem diferença, entende? Agora o preconceito por ser mulher, isso existe, e acho que cabe a cada uma saber lidar com essa situação e adquirir o respeito”, disse.
O parque Lagoas de Vento está em construção numa área que compreende os municípios de Lagoa do Barro do Piauí, Queimada Nova e Dom Inocêncio, no Piauí. Previsto para começar a operar em 2021, o parque tem 230 turbinas eólicas e deve ser capaz de gerar 3,3 TWh por ano. O investimento para a construção do parque ultrapassa os R$ 3 bilhões.